Ato “Reaja Brasil” leva apoiantes de Bolsonaro à Avenida Paulista sem o ex-Presidente

São Paulo, 3 de agosto de 2025 — A direita mobilizou-se este domingo na Avenida Paulista, em São Paulo, num novo ato intitulado “Reaja Brasil”. A concentração, marcada para as 14 horas, foi organizada pelo pastor Silas Malafaia e reuniu apoiantes do ex-Presidente Jair Bolsonaro (PL) em defesa de uma anistia para investigados por alegada tentativa de golpe de Estado.

Primeira manifestação sem Jair Bolsonaro

Esta foi a oitava mobilização nacional promovida pelo núcleo duro do bolsonarismo desde a saída de Bolsonaro do Palácio do Planalto, em 2022, e a primeira sem a presença física do antigo chefe de Estado. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manteve a medida cautelar que impede o ex-Presidente de deixar a sua residência aos fins de semana, o que inviabilizou a ida à Paulista.

A ausência não impediu a montagem de dois trio elétricos na esquina com a Rua Peixoto Gomide, onde Malafaia, parlamentares aliados e líderes de movimentos de direita discursaram para a multidão. Entre as palavras de ordem, ouviu-se “Xandão eu tenho cartão”, numa referência ao ministro do STF, e apelos à aprovação da anistia no Congresso.

Reivindicações e clima do protesto

Os manifestantes empunharam faixas contra Moraes e contra o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de cartazes de apoio ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Havia igualmente mensagens que classificavam o processo legislativo em curso como “injusto” para quem, segundo os organizadores, apenas exerceu o direito de manifestação em 8 de janeiro de 2023.

O mote “Reaja Brasil” foi apresentado como resposta à “escalada de perseguições” relatada pelos oradores. Entre as intervenções, destacou-se a crítica às sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, ao abrigo da Lei Magnitsky, na quarta-feira, 30 de julho. A medida impede o magistrado de entrar em território norte-americano ou realizar transações com entidades daquele país.

Logística e segurança

A Polícia Militar de São Paulo montou um esquema de segurança com bloqueios de trânsito nas proximidades da Avenida Paulista e rondas permanentes em ruas adjacentes. Até ao fecho desta edição não se registaram incidentes graves, e não foram divulgadas estimativas oficiais de participantes.

Os organizadores destacaram a presença de caravanas provenientes de outros estados e anunciaram novas mobilizações caso o Congresso avance com punições que considerem desproporcionadas. “Estamos a ocupar novamente as ruas, um espaço que antes era monopólio da esquerda”, afirmou Silas Malafaia ao microfone.

Histórico de atos bolsonaristas

Desde fevereiro de 2024, o grupo acumula sete manifestações de grande porte:

25 de fevereiro de 2024 – Avenida Paulista, São Paulo
21 de abril de 2024 – Orla de Copacabana, Rio de Janeiro
7 de setembro de 2024 – Avenida Paulista, São Paulo
16 de março de 2025 – Orla de Copacabana, Rio de Janeiro
6 de abril de 2025 – Avenida Paulista, São Paulo
7 de maio de 2025 – Esplanada dos Ministérios, Brasília
29 de junho de 2025 – Avenida Paulista, São Paulo

Próximos passos

Líderes bolsonaristas adiantaram que pretendem manter a mobilização “até ao arquivamento de todos os processos” relacionados com o 8 de janeiro e reafirmaram a intenção de “continuar a pressionar pacificamente” o Legislativo. Não foi anunciada data para o próximo ato, mas a possibilidade de novos protestos em Brasília e noutras capitais foi colocada em cima da mesa.

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