Atriz de Chicago engravida do marido uma década após a sua morte
Laura Orrico, actriz norte-americana conhecida pelas participações em “CSI: Miami” e “Kevin Can Wait”, está grávida aos 48 anos através de reprodução assistida com o sémen congelado do marido, Ryan Cosgrove, falecido em 2015.
Congelamento de sémen antes do tratamento oncológico
O casal conheceu-se em 1999 e casou-se em 2004. Três anos depois, Ryan foi diagnosticado com um tumor cerebral. Antes de iniciar a quimioterapia, congelou o seu sémen para salvaguardar o projecto de parentalidade que ambos acalentavam. Segundo o testemunho de Laura à revista People, o procedimento foi planeado “com total entendimento e consentimento” do marido.
A primeira tentativa de gravidez ocorreu em 2013, já depois de várias cirurgias e sessões de tratamento. Entre inseminações e fertilizações in vitro, Laura engravidou duas vezes, mas sofreu abortos espontâneos. Ryan faleceu em Abril de 2015, aos 44 anos, após oito anos de luta contra a doença.
Do sonho adiado à decisão de avançar sozinha
Nos anos seguintes, a actriz manteve outros relacionamentos e continuou a procurar ajuda médica, sem êxito. Ao atingir os 48 anos, entendeu que não podia esperar mais. “Se não fizesse agora, arrepender-me-ia pelo resto da vida”, relatou.
O processo recomeçou em Abril de 2025. O embrião foi transferido no final de Maio e, em 9 de Junho, Laura recebeu a confirmação da gravidez. De imediato, partilhou a notícia com a mãe e com a família de Ryan, que acompanhou as consultas e as ecografias.
Reprodução assistida pós-morte: requisitos e viabilidade
O procedimento utilizado enquadra-se na chamada reprodução assistida post-mortem, que permite utilizar material biológico de uma pessoa já falecida. O presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida, Álvaro Cecchin, esclarece que esta prática exige consentimento formal prévio do dador e cumpre protocolos médicos rigorosos, incluindo verificação da qualidade do sémen, análises genéticas e acompanhamento psicológico dos envolvidos.
Imagem: metropoles.com
De acordo com Cecchin, quando o material é correctamente congelado, “o tempo de armazenamento não diminui as hipóteses de sucesso”. O oncologista Denis Jardim acrescenta que a preservação de fertilidade deve ser discutida com todos os doentes oncológicos antes do início das terapias, já que a quimioterapia e a radioterapia podem comprometer a capacidade reprodutiva.
Impacto familiar e próximos passos
A família de Ryan recebeu a gravidez como “uma bênção”, afirmou Laura. A mãe do falecido esteve presente na última ecografia e mantém-se envolvida no acompanhamento pré-natal. A actriz sublinha que avança “com a bênção de Ryan” e sustenta-se no apoio familiar para enfrentar a próxima fase.
Tumor cerebral: sintomas que levaram ao diagnóstico
Os sintomas que conduziram Ryan a procurar ajuda médica começaram de forma gradual e incluíam dores de cabeça persistentes, náuseas, convulsões e alterações de equilíbrio — sinais frequentemente associados a tumores cerebrais e, em algumas situações, confundidos com acidente vascular cerebral.
A data prevista para o parto ainda não foi divulgada. Para já, Laura Orrico concentra-se em garantir uma gestação saudável e em honrar o compromisso assumido pelo casal há mais de duas décadas: formar a família que ambos desejaram.
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