A mobilização de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos ganhou novo foco nesta semana. Nas redes sociais, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo, ambos radicados temporariamente em território norte-americano, direcionaram ataques ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, mantendo ao mesmo tempo críticas ao ministro Alexandre de Moraes. O grupo também passou a insinuar que o governo de Donald Trump poderá adotar medidas adicionais contra autoridades brasileiras.
A movimentação ocorreu após o Departamento de Estado dos EUA decidir, na sexta-feira (18), revogar vistos de ministros do STF e de parentes de primeiro grau. A medida foi anunciada poucas horas depois de a Polícia Federal realizar busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro, no âmbito de investigação sobre suposta fraude em cartões de vacinação, e de Alexandre de Moraes determinar a instalação de tornozeleira eletrônica no ex-mandatário.
Desde então, Eduardo Bolsonaro utiliza seus perfis para atribuir a si parte da articulação que resultou na revogação de vistos. Ele rememorou críticas recebidas em 2019, quando seu pai cogitou indicá-lo para a embaixada em Washington, e afirma que “há muito por vir”, sem detalhar quais providências estariam em estudo pela gestão republicana.
Entre as possibilidades ventiladas nos círculos bolsonaristas, circula a sugestão de restrições que poderiam afetar o funcionamento de satélites e, por consequência, sistemas de GPS utilizados por tornozeleiras eletrônicas. Em entrevista à CNN Brasil, Eduardo declarou que, se não houver recuo do STF, “pelo menos” os aliados de Bolsonaro se sentirão “vingados”.
Outro alvo das publicações do deputado foi a advogada Luna van Brussel Barroso, filha única do presidente do Supremo. Mensagens defenderam a suposta deportação da jovem, alegando que ela estaria matriculada em uma universidade norte-americana. A assessoria do STF desmentiu a informação, esclarecendo que Luna reside no Brasil e não estuda nem trabalha nos Estados Unidos.
Barroso esteve em Miami no início de julho para visita familiar, deslocamento de que as autoridades norte-americanas tinham conhecimento prévio, segundo pessoa a par da agenda. Até o momento, nem o ministro nem o tribunal comentaram publicamente a revogação de vistos.
Referência à Lei Magnitsky
Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar, João Figueiredo, publicou fotografia ao lado de Eduardo em frente ao prédio do Departamento de Estado e afirmou que a decisão sobre os vistos seria “apenas o começo”. Ele mencionou a possibilidade de utilização da Lei Magnitsky, instrumento que permite sanções unilaterais a estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.
Figueiredo também reprovou, em postagem, a divulgação de imagens de familiares de ministros, embora tenha sustentado que pessoas próximas a Barroso teriam seus vistos cancelados “independentemente de culpa”.
Críticas a políticos de direita
Além de mirar o Supremo, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo direcionaram comentários a figuras da direita que, segundo eles, não teriam demonstrado solidariedade suficiente ao ex-presidente. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o senador Hamilton Mourão e o deputado Nikolas Ferreira estão entre os nomes citados negativamente.
Figueiredo ainda sugeriu que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), poderiam ser incluídos em futuras sanções, observando que, segundo ele, ambos foram “preservados” por intermédio de Eduardo. A menção ampliou o leque de autoridades brasileiras que bolsonaristas buscam enquadrar nas punições idealizadas.
Alcance das restrições
O Departamento de Estado não detalhou quais ministros do STF foram afetados nem quais seriam as consequências exatas para familiares em território americano. Pessoas ligadas às tratativas afirmam que Kássio Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux não figurariam na lista, ao contrário dos demais integrantes da Corte. Relatórios encaminhados por apoiadores de Bolsonaro a autoridades dos EUA mencionam ainda o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco como possível alvo, por ter dado respaldo, na visão do grupo, às decisões de Alexandre de Moraes.
Enquanto o governo Trump não se pronuncia oficialmente sobre eventuais novos passos, a ofensiva digital segue concentrada em pressionar o Supremo e em mobilizar simpatizantes no Brasil. Nas mensagens publicadas desde sexta-feira, Eduardo e Figueiredo reiteram que pretendem sustentar a campanha até que, segundo eles, o tribunal recue de medidas consideradas “abusivas”.
Nos bastidores de Brasília, parlamentares avaliam que as ameaças e insinuações podem intensificar o clima de tensão entre Poderes, mas ainda aguardam dados concretos sobre o impacto real da revogação de vistos. A expectativa é de que o Departamento de Estado esclareça, nos próximos dias, o alcance das restrições e se outras sanções, como as previstas na Lei Magnitsky, serão efetivamente aplicadas a autoridades brasileiras.

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