Um estudo com mais de 32 000 adultos com hipertensão indica que aumentar o número de passos diários e adoptar um ritmo mais acelerado está associado a uma redução significativa dos principais eventos cardiovasculares. As conclusões apoiam a recomendação de promover a actividade física mesmo quando a meta dos 10 000 passos não é atingida.
Mais passos, menor risco cardiovascular
A investigação foi conduzida por cientistas da Universidade de Sydney a partir dos registos do UK Biobank, uma base de dados que acompanha a saúde de larga fatia da população britânica. Todos os participantes, com idade média de 64 anos, tinham diagnóstico de pressão arterial elevada e utilizaram acelerómetros de pulso durante uma semana entre 2013 e 2015 para medir a actividade diária.
Ao longo de aproximadamente oito anos de acompanhamento, registaram-se mais de 1 900 casos de enfarte, acidente vascular cerebral ou outras emergências cardíacas graves. A análise evidenciou uma relação dose–resposta clara: em comparação com quem caminhava pelo menos 2 300 passos por dia, cada acréscimo de 1 000 passos associou-se a uma diminuição de 17 % no risco de evento cardiovascular, até ao limite estudado de 10 000 passos.
De acordo com a equipa, este é um dos primeiros trabalhos a quantificar de forma robusta o impacto incremental da contagem de passos em pessoas hipertensas, reforçando a utilidade de aplicações móveis e wearables que incentivam pequenas metas diárias.
Velocidade reforça a protecção
Além da distância percorrida, a intensidade revelou-se crucial. O ritmo médio de uma caminhada considerada “rápida” foi definido em 80 passos por minuto. Manter essa cadência durante 30 minutos esteve associado a uma redução de 30 % nos eventos cardiovasculares. Participantes que ultrapassaram 130 passos por minuto não apresentaram indícios de risco acrescido, sugerindo que esforços mais vigorosos são bem tolerados mesmo em indivíduos com hipertensão controlada.
Em comunicado, Emmanuel Stamatakis, autor sénior do artigo publicado no European Journal of Preventive Cardiology, sublinhou que “quanto mais se caminha e com maior intensidade, menor é a probabilidade de sofrer complicações graves no futuro”, defendendo a adopção de metas realistas que possam ser integradas na rotina diária.

Imagem: metropoles.com
Limitações e próximos passos da investigação
Os autores reconhecem limitações, como a monitorização da actividade apenas no início do estudo e a representatividade limitada em termos de etnia e contexto socioeconómico. Apesar disso, o volume de participantes, o tempo de acompanhamento e o uso de dispositivos objectivos de medição conferem robustez às conclusões.
As evidências agora divulgadas reforçam recomendações internacionais que defendem actividade física regular para o controlo da pressão arterial. Para a população hipertensa, caminhar continua a ser uma opção de baixo custo, facilmente adaptável a diferentes idades e estados de saúde. O estudo sugere que aumentar o número de passos diários, mesmo que modestamente, e privilegiar um ritmo ligeiramente superior ao habitual podem representar ganhos clínicos significativos.
Os investigadores planeiam novas análises com medições repetidas ao longo do tempo para avaliar a influência de alterações no estilo de vida e explorar se benefícios semelhantes se verificam noutros grupos de risco.

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