Uma coligação composta pelo Canadá, Estados Unidos e 12 países europeus divulgou uma declaração conjunta que denuncia “tentativas de matar, raptar e assediar” pessoas fora do Irão, atribuídas aos serviços de informação de Teerão. O documento, divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano, considera estas acções uma violação da soberania das nações visadas e promete coordenação internacional para as travar.
Condenação concertada e pedido de fim imediato das operações
De acordo com a nota, as autoridades iranianas têm colaborado com grupos criminosos internacionais para identificar alvos na Europa e na América do Norte. Entre as vítimas apontadas estão jornalistas, dissidentes, cidadãos judeus, bem como actuais e antigos responsáveis governamentais dos países parceiros da declaração. O texto sublinha que estes comportamentos “são inaceitáveis” e insta o Irão a terminar “de imediato” todas as actividades ilegais nos territórios em causa.
Os signatários comprometem-se a trocar informação, reforçar medidas de segurança e cooperar em investigações com o objectivo de prevenir novos ataques. O grupo afirma ainda que continuará a acompanhar a situação e a utilizar instrumentos diplomáticos e judiciais sempre que necessário.
Exemplos recentes de ameaças e repressão transnacional
O fenómeno não é novo, mas tem ganho visibilidade. O ex-ministro canadiano da Justiça Irwin Cotler, crítico de longa data do regime iraniano, revelou que o nível de protecção policial atribuído pela Real Polícia Montada do Canadá foi elevado ao máximo em Novembro de 2023, após informações sobre um plano iminente para o assassinar. Cotler encara o caso como parte de uma estratégia mais ampla de repressão transnacional que, segundo ele, representa “uma ameaça directa à segurança, à democracia e aos direitos humanos” nos países ocidentais.
Em solo canadiano, as autoridades investigam suspeitas de que elementos dos Hells Angels terão sido contratados por emissários do Irão para executar homicídios selectivos. Paralelamente, processos de imigração revelaram a presença ilegal de mais de uma dezena de antigos altos funcionários iranianos no país, situação que tem alarmado membros da diáspora.
Activistas de direitos humanos denunciam igualmente a dificuldade em expulsar esses indivíduos. Dados oficiais indicam que, entre 12 processos em curso no Conselho de Imigração e Refugiados, apenas três resultaram até agora em ordens de deportação. O Canadá classificou o Corpo dos Guardas da Revolução Islâmica como organização terrorista em 2023 e declarou vários dirigentes de Teerão inadmissíveis devido a ligações a terrorismo e violações de direitos humanos.

Imagem: Sean Boynton Global Ne via globalnews.ca
Casos nos Estados Unidos e impacto político
Nos Estados Unidos, investigações federais revelaram vários planos atribuídos ao Irão. O Departamento de Justiça anunciou em Novembro que frustrou uma conspiração para assassinar o ex-Presidente Donald Trump antes das eleições de 2024. De acordo com a acusação, agentes procuravam vingar a morte, em 2020, de Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, abatido por um ataque norte-americano ordenado por Trump.
Outros alvos terão incluído John Bolton e Mike Pompeo, antigos responsáveis da administração Trump, bem como uma jornalista irano-americana crítica do regime. O FBI apontou ainda tentativas de intrusão informática com o objectivo de influenciar a campanha presidencial, embora não haja provas de que qualquer candidato tenha respondido aos contactos dos piratas informáticos.
Preocupação crescente nas comunidades da diáspora
Documentação divulgada por uma comissão pública sobre interferência estrangeira no Canadá indica receio crescente entre iranianos expatriados relativamente a possíveis ataques contra organizações comunitárias. A activista Nazanin Afshin-Jam MacKay qualificou o país como “refúgio seguro” para elementos do regime, apelando a uma revisão das políticas de imigração e segurança.
Face ao histórico de ameaças, os 14 países signatários da declaração conjunta sublinham que continuarão a monitorizar, partilhar informação e recorrer a instrumentos legais para responsabilizar os autores. O objectivo, frisam, é garantir que jornalistas, dissidentes e minorias visadas possam exercer os seus direitos sem medo de represálias internacionais.

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