Canadá condena mandados de Hong Kong contra ativistas com cidadania canadiana

O Governo do Canadá criticou este sábado a decisão das autoridades de Hong Kong de emitirem mandados de detenção internacionais contra 19 ativistas pró-democracia que vivem no estrangeiro, entre os quais se encontram cidadãos canadianos ou pessoas com fortes ligações ao país.

Posição do governo canadiano

Em comunicado, Global Affairs Canada classificou a iniciativa de Hong Kong como uma “escalada preocupante” de repressão transnacional por parte da República Popular da China. Ottawa sublinha que não tolerará ameaças, intimidação ou qualquer forma de coerção dirigida a canadianos no exterior ou em território nacional.

O executivo refere ainda que foram detetadas campanhas coordenadas em redes sociais, direcionadas a comunidades chinesas no Canadá, para divulgar os prémios oferecidos pelas autoridades de Hong Kong a quem forneça informações sobre os visados.

Mandados e recompensas anunciados

A Polícia de Hong Kong anunciou na sexta-feira recompensas até um milhão de dólares de Hong Kong (aproximadamente 127 400 dólares norte-americanos) por pistas que levem à captura de quatro dos procurados: Elmer Yuen, Victor Ho, Johnny Fok e Tony Choi. Para os restantes 15, a recompensa é de 200 000 dólares de Hong Kong (cerca de 25 480 dólares).

Os visados são acusados de violar a Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim, nomeadamente por participarem na criação do grupo Hong Kong Parliament, que defende a autodeterminação do território e terá organizado uma eleição simbólica no estrangeiro. Segundo a própria organização, essa votação contou com cerca de 15 700 boletins válidos registados através de aplicação móvel e plataformas online.

Reações fora do Canadá

No Reino Unido, o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, e a ministra do Interior, Yvette Cooper, qualificaram os mandados como mais um exemplo de repressão transnacional, alertando para o impacto potencial na segurança em solo britânico.

Os Estados Unidos já tinham, em março, sancionado responsáveis chineses e de Hong Kong por iniciativas semelhantes. Pequim respondeu com medidas punitivas contra funcionários norte-americanos, insistindo que a legislação de segurança é necessária para manter a estabilidade da região.

Desde 2022, Hong Kong tem emitido sucessivas ordens de captura contra ativistas radicados no exterior, contrariando a promessa de autonomia e liberdades civis feita aquando da transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997.

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