As Forças Armadas do Canadá efetuaram esta segunda-feira um lançamento aéreo de cerca de 9,8 toneladas de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, anunciaram os ministros canadenses dos Negócios Estrangeiros, Anita Anand, e da Defesa, David McGuinty.
Operação com aeronave Hercules
De acordo com o comunicado conjunto, um avião de transporte CC-130J Hercules largou paletes de mantimentos sobre o território palestiniano. O carregamento inclui alimentos, água e artigos de primeira necessidade destinados à população civil, que enfrenta graves carências desde o início das restrições impostas aos pontos de entrada em Gaza.
O Governo de Otava justificou a operação com a “acesso humanitário severamente limitado” e com “necessidades sem precedentes” na região. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a entrega aérea faz parte de “medidas excecionais” coordenadas com parceiros internacionais, numa altura em que a via terrestre permanece praticamente bloqueada.
Coordenação com a Jordânia
O lançamento segue-se a uma remessa terrestre enviada há poucos dias através da Jordânia, país que faz fronteira com Israel e a Cisjordânia. Na ocasião, Anita Anand divulgou imagens de paletes identificadas com bandeiras canadianas, pré-posicionadas em território jordano até que Israel autorize a entrada de camiões em Gaza.
Na semana passada, a ministra já havia indicado que camiões carregados de ajuda se encontravam prontos para avançar, dependendo apenas de luz verde israelita. Amã permitiu que os bens ficassem estacionados em solo jordano enquanto decorrem negociações para abrir corredores seguros.
Apelos a acesso sem impedimentos
O Ministério dos Negócios Estrangeiros reiterou que a melhoria das condições humanitárias dos palestinianos exige um “aumento drástico” na assistência e o acesso seguro e contínuo de organizações humanitárias. O executivo canadense defende aprovação rápida nas alfândegas, entrada de todos os bens de socorro e concessão de vistos de longa duração para trabalhadores humanitários.
Em comunicado, Otava classificou o bloqueio de ajuda como “violação do direito internacional humanitário” e pediu o fim imediato dos obstáculos.
Ligações à política externa canadense
A operação aérea surge poucos dias depois de o primeiro-ministro Mark Carney ter anunciado, em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, a intenção de o Canadá reconhecer oficialmente um Estado palestiniano em setembro. A decisão está condicionada a reformas substanciais na Autoridade Palestiniana, incluindo eleições gerais em 2026 sem participação do Hamas e a desmilitarização do futuro Estado.

Imagem: Abdel Kareem Hana via globalnews.ca
Na quinta-feira, o gabinete do primeiro-ministro informou que Carney reafirmou o compromisso com a solução de dois Estados durante uma chamada telefónica com o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas. O líder da Autoridade Palestiniana terá manifestado disponibilidade para avançar com as reformas exigidas.
Carney argumentou que a expansão de colonatos israelitas e as restrições à entrada de ajuda em Gaza “minam” as perspetivas de uma negociação para dois Estados.
Reações internacionais
A eventual mudança de posição canadense face à Palestina foi criticada por Israel e pelos Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, declarou que tal reconhecimento poderia complicar futuras negociações comerciais com Otava.
Apesar das objeções, o Governo canadense mantém a estratégia de associar esforços humanitários no terreno a iniciativas diplomáticas que visam revitalizar o processo de paz.
Contexto humanitário
Organizações internacionais alertam para uma crise humanitária crescente em Gaza, onde a escassez de alimentos, água potável e medicamentos se agravou nos últimos meses. As Nações Unidas sublinham que a entrada regular de provisões é vital para evitar uma catástrofe de maior escala.
Com a entrega aérea desta semana, o Canadá reforça o grupo de países que optam por lançamentos aéreos como solução temporária, enquanto pressionam por corredores humanitários terrestres permanentes.

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