Organizações de direitos humanos afirmam que o britânico Peter Reynolds, 80 anos, e sua esposa, Barbara “Barbie” Reynolds, 75, podem não sobreviver caso continuem detidos nas atuais condições impostas pelo Talibã no Afeganistão. O casal foi capturado em 1º de fevereiro, na província de Bamiyan, e permanece sem acusação formal desde então.
Em comunicado divulgado na segunda-feira (data local), um grupo de especialistas independentes das Nações Unidas considerou “injustificável” a prisão dos dois cidadãos britânicos e pediu revisão urgente das circunstâncias de detenção. Entre as solicitações está a transferência imediata para um hospital civil, devido ao estado de saúde considerado crítico.
Os relatores informaram que, até a semana passada, os Reynolds eram mantidos em uma prisão de segurança máxima em celas subterrâneas, sem acesso à luz solar. Também relataram que o casal permaneceu separado até oito semanas atrás, medida classificada como degradante. Atualmente, eles foram deslocados para um bloco acima do solo, mas continuam sob custódia do regime fundamentalista.
Problemas médicos graves
Segundo o relatório dos especialistas, a condição física e mental de ambos se deteriora rapidamente. Peter Reynolds desmaiou recentemente, desenvolveu duas infecções oculares e vem apresentando tremores na cabeça e no braço esquerdo. O britânico necessita de medicação cardíaca desde um acidente isquêmico transitório (AIT) ocorrido em 2023. Pacientes que sofrem AIT têm risco elevado de sofrer um AVC dentro de um ano, conforme dados médicos citados pelos especialistas.
Além dos problemas cardíacos, os filhos de Peter afirmam que ele tem predisposição a câncer de pele no rosto, exigindo acompanhamento médico que não está disponível na prisão.
Barbie Reynolds, por sua vez, possui anemia, condição que reduz a capacidade de transporte de oxigênio no sangue. A falta de alimentação adequada contribuiu para fraqueza extrema e dormência nos pés, de acordo com informações repassadas à ONU. Profissionais de saúde ouvidos pelas organizações alertam que a anêmica necessita de dieta específica e acompanhamento constante para evitar complicações maiores.
Restrição de contato e apoio consular
Os quatro filhos do casal, que vivem no Reino Unido e nos Estados Unidos, emitiram no domingo um apelo público ao Talibã pela libertação dos pais. Eles não falam com os Reynolds há cinco semanas. “É um pedido urgente antes que seja tarde demais”, escreveram em nota.
Autoridades do Ministério das Relações Exteriores britânico obtiveram autorização para visitar os detidos pouco mais de uma semana atrás, a fim de verificar seu estado geral. No entanto, os ativistas destacam que os dois continuam sem acesso adequado a advogado, assistência médica especializada ou comunicação regular com a família, configurando, segundo a ONU, tratamento cruel e desumano.
Trabalho no Afeganistão
Casados há 55 anos, Peter e Barbie administram a organização Rebuild Consultants, que oferece capacitação para órgãos governamentais, instituições de ensino, empresas e organizações não governamentais afegãs. De acordo com o jornal britânico The Sunday Times, um dos projetos da entidade era voltado para mães e crianças, grupo que sofreu severas restrições de direitos desde que o Talibã retomou o controle do país em 2021, após a retirada das tropas dos Estados Unidos.
No dia da prisão, o Talibã deteve ainda outro estrangeiro, cuja identidade não foi divulgada, e um cidadão afegão. Até o momento, o governo de fato em Cabul não apresentou justificativa legal para as detenções nem indicou data para eventual julgamento ou liberação.
Apelos internacionais
A relatora especial da ONU para tortura, Alice Jill Edwards, reiterou que manter pessoas idosas em condições insalubres e inseguras fere obrigações básicas de direitos humanos. O grupo de especialistas enfatizou que a falta de esclarecimento sobre os motivos da detenção agrava o sofrimento psicológico dos Reynolds, podendo causar danos irreparáveis.
Organizações de defesa dos direitos humanos continuam pressionando o Talibã e pedem que governos estrangeiros intensifiquem esforços diplomáticos pela libertação imediata do casal, antes que seu quadro de saúde se agrave a ponto de se tornar irreversível.
Até o momento, não há sinal público de que o regime afegão pretenda atender às solicitações. A família e os ativistas mantêm a campanha internacional e reforçam que os Reynolds dedicaram os últimos 18 anos ao desenvolvimento de projetos humanitários no país.
Fonte: Globalnews.ca

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