Pelo menos 15 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após novos confrontos armados entre forças da Tailândia e do Camboja em zonas de fronteira disputadas. Os combates, que incluíram troca de tiros, bombardeamentos e ataques com rockets, provocaram também a fuga de dezenas de milhares de habitantes.
Confrontos recentes e consequências
Os incidentes eclodiram na sexta-feira em vários pontos ao longo da fronteira, abrangendo quatro províncias tailandesas. O Exército tailandês confirmou a realização de ataques aéreos contra posições cambojanas. Trata-se da segunda grande escalada desde maio, quando um soldado cambojano foi morto numa troca de fogo considerada por ambos os lados como “legítima defesa”.
Após a violência de maio, Banguecoque e Phnom Penh anunciaram intenções de desanuviar a tensão, mas mantiveram medidas restritivas. A Tailândia apertou o controlo fronteiriço e, na quinta-feira, encerrou totalmente as passagens terrestres, permitindo apenas deslocações consideradas essenciais. Em resposta, o Camboja proibiu a exibição de filmes e séries tailandesas, suspendeu a importação de combustíveis, frutas e legumes do país vizinho e limitou ligações de internet e fornecimento de energia.
Crise política em Banguecoque
O aumento do nacionalismo contribuiu para agravar o clima interno na Tailândia. A primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra foi suspensa de funções em 1 de julho, depois de o parlamento abrir um inquérito a alegadas violações éticas relacionadas com uma chamada telefónica, divulgada na imprensa, com o antigo primeiro-ministro cambojano Hun Sen. A conversa, onde Paetongtarn o tratou por “tio” e criticou a liderança militar tailandesa, gerou protestos e levou o partido Bhumjaithai a abandonar a coligação governamental. Phumtham Wechayachai, ex-ministro da Defesa, assumiu interinamente o cargo de chefe de governo.
Raízes históricas da disputa
Tailândia e Camboja partilham mais de 800 quilómetros de fronteira terrestre. A contestação centra-se num mapa de 1907, desenhado sob domínio colonial francês, usado por Phnom Penh para reivindicar território que Banguecoque considera mal delimitado. A zona envolvente do templo de Preah Vihear, com mil anos de antiguidade, tem sido palco dos incidentes mais graves.
Em 1962, o Tribunal Internacional de Justiça atribuiu a soberania sobre o templo ao Camboja, decisão reconfirmada em 2013 após novos confrontos que causaram cerca de 20 mortos. Phnom Penh voltou a recorrer ao tribunal para clarificar outras secções da fronteira, mas a Tailândia recusa a competência da instância.
Enquanto não houver acordo definitivo, analistas preveem que a fronteira continue vulnerável a surtos de violência e a medidas de represália económica, afetando a segurança e a estabilidade na região do Sudeste Asiático.

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