Pelo terceiro dia consecutivo, forças da Tailândia e da Camboja trocaram fogo de artilharia e armas ligeiras ao longo da fronteira comum, elevando para pelo menos 33 o número de mortos e obrigando mais de 168 000 pessoas a abandonar as suas casas.
Balanço de vítimas e deslocados
Banguecoque e Phnom Penh confirmam baixas dos dois lados. O Camboja anunciou 12 novas mortes no sábado, totalizando 13 vítimas desde o início dos confrontos, entre civis e militares. Do lado tailandês, a morte de um soldado fez subir o total para 20, a maioria civis.
As autoridades cambojanas referem que 10 865 famílias, equivalentes a 37 635 pessoas, foram retiradas de três províncias fronteiriças. A Tailândia indica que mais de 131 000 cidadãos deixaram as suas aldeias junto à linha de fogo.
Origem do conflito e escalada militar
A violência irrompeu na quinta-feira, depois de um engenho explosivo ter ferido cinco militares tailandeses. Cada país responsabiliza o outro pelo início dos combates. Ambos chamaram de volta os respetivos embaixadores e a Tailândia encerrou passagens fronteiriças.
Nos dias seguintes registaram-se disparos de artilharia em vários pontos, incluindo nas províncias tailandesas de Trat e cambojanas de Pursat e Koh Kong. Banguecoque afirma ter usado jatos F-16 e drones para conter incursões, enquanto Phnom Penh classifica os ataques tailandeses como “agressão premeditada”. Há também acusações de utilização de munições de fragmentação, proibidas por convenções internacionais que nenhum dos dois Estados ratificou.
Reação regional e internacional
A Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) enfrenta crescente pressão para mediar um cessar-fogo. Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se de emergência e apelou à contenção, sem avançar com uma resolução formal. A Malásia, que preside atualmente à ASEAN, declarou que ambos os governos aceitam em princípio uma proposta de tréguas.

Imagem: Staff The Associated Pres via globalnews.ca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou estar em contacto com os líderes de Bangkok e Phnom Penh e ameaçou suspender negociações comerciais caso os combates prossigam.
Impacto humanitário
A organização Human Rights Watch alerta para o risco crescente para civis. Na Tailândia, 852 escolas e sete hospitais foram encerrados por motivos de segurança. O grupo pede a ambos os exércitos que respeitem o direito internacional humanitário e evitem o uso de armas indiscriminadas em áreas povoadas.
A fronteira, com cerca de 800 quilómetros, é disputada há décadas, mas raramente registou confrontos prolongados. As partes continuam publicamente disponíveis para diálogo, porém condicionam a aceitação de um cessar-fogo ao recuo militar do adversário.

Olá! Meu nome é Zaira Silva e sou a mente inquieta por trás do soumuitocurioso.com.
Sempre fui movida por perguntas. Desde pequena, queria saber como as coisas funcionavam, por que o céu muda de cor, o que está por trás das notícias que vemos todos os dias, ou como a tecnologia está transformando o mundo em silêncio, aos poucos. Essa curiosidade virou meu combustível — e hoje, virou um blog inteiro.