A LCM Construção e Comércio, alvo da Operação Route 156 da Polícia Federal, mantém contratos que totalizam cerca de R$ 15 mil milhões com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em 25 das 26 superintendências regionais do órgão.
Contratos espalhados por quase todo o país
Segundo registos oficiais, a LCM só não possui contratos na unidade de São Paulo. Todas as restantes superintendências, incluindo a de Goiás – que também abrange o Distrito Federal –, mantêm acordos com a construtora.
O estado do Pará lidera a lista, acumulando R$ 2,3 mil milhões em contratos. A superintendência local é dirigida por Diego Benitah Batista, nomeado em abril de 2023. Os negócios da LCM na região começaram em 2015, com R$ 164 milhões, e atingiram o pico em 2021, quando cerca de R$ 1,1 mil milhões foram contratados num único ano.
Em seguida surge o Rio Grande do Sul, com aproximadamente R$ 2 mil milhões, incluindo serviços emergenciais nas rodovias afectadas pelas cheias de 2024. Rondônia aparece com R$ 1,5 mil milhões, enquanto no Maranhão os contratos somam cerca de R$ 1,4 mil milhões. Já no Amazonas, o montante ronda R$ 1 mil milhões. Juntas, estas cinco superintendências representam mais de metade do valor global negociado com a empresa, ao qual se somam R$ 722 milhões contratados pela unidade nacional do DNIT.
Fundada em 2014, a LCM expandiu-se rapidamente após a Operação Lava Jato ter reduzido a participação de grandes empreiteiras em licitações públicas. Desde então, a empresa recebeu aproximadamente R$ 10 mil milhões em pagamentos do Governo Federal, dos quais R$ 418 milhões resultaram de emendas parlamentares, incluindo verbas do denominado “orçamento secreto”.
Operação Route 156 investiga esquema no Amapá
Deflagrada em 22 de julho, a Operação Route 156 apura suspeitas de direccionamento de licitações e irregularidades em obras de manutenção e recuperação da BR-156, no Amapá. A Polícia Federal aponta a existência de uma organização criminosa dentro da superintendência regional do DNIT no estado, suspeita de manipular pelo menos quatro pregões electrónicos avaliados em R$ 60 milhões.
No Amapá, a LCM mantém contratos que somam R$ 192 milhões. Entre os alvos da investigação está Luiz Otávio Fontes Junqueira, presidente da empreiteira. Durante buscas, agentes apreenderam três viaturas Porsche pertencentes ao empresário. Também foi afastado por decisão judicial, por dez dias, o superintendente do DNIT no estado, Marcello Linhares.

Imagem: metropoles.com
A operação alcançou ainda Breno Chaves Pinto, segundo suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Segundo a PF, Pinto teria usado influência política para desbloquear verbas públicas destinadas à LCM. Alcolumbre nega qualquer ligação com a empresa ou com as actividades empresariais do seu suplente.
Posição da construtora e do DNIT
Em nota, a LCM afirma ser “uma empresa mineira de construção pesada” com actuação nacional, ressaltando a “qualidade técnica”, a “competitividade” e a “excelência” na entrega de serviços de engenharia. A construtora aponta ainda possuir um programa de compliance “amplo e eficiente”, garantindo a regularidade da sua participação em processos licitatórios.
O DNIT declara que dispõe de mecanismos internos de integridade e controlo para detectar e mitigar riscos de práticas anticoncorrenciais, fraudes e corrupção. O órgão sustenta que as propostas de empresas são processadas de acordo com normas estabelecidas, assegurando equidade e transparência. Todos os contratos, acrescenta, passam por análise técnica minuciosa, e qualquer indício de irregularidade é encaminhado à auditoria interna e, se necessário, às autoridades competentes.
O departamento sublinha ainda que mantém auditorias contínuas para garantir a conformidade com padrões legais e éticos. Caso se confirmem irregularidades, o DNIT afirma que adopta as medidas correctivas cabíveis.

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