Arqueólogos identificaram na Gruta Scladina, Bélgica, quatro instrumentos fabricados por neandertais a partir da tíbia de um leão-das-cavernas, com uma antiguidade estimada em mais de 130 000 anos. A investigação, publicada na revista Scientific Reports, indica que as peças funcionavam como utensílios multifuncionais, comparáveis a um “canivete suíço” pré-histórico.
Quatro peças, uma única origem
Os especialistas confirmaram que todos os artefactos provêm do mesmo osso de Panthera spelaea. Dois fragmentos encaixam-se na perfeição, demonstrando fratura deliberada antes de novo retrabalho. A equipa conclui que a tíbia foi escolhida pelas suas dimensões e integridade estrutural, adequadas à produção de ferramentas resistentes.
Marcas de fabrico e reutilização
Análises microscópicas revelam polimento pelo manuseamento, remoção controlada de lascas e desgaste compatível com múltiplas funções. Um dos extremos exibiu primeiro traços de cinzel, apto a talhar madeira ou pedra; mais tarde, a mesma ponta foi alisada e usada como retocador para afiar lâminas líticas.
Impacto no entendimento do comportamento neandertal
O método de produção segue etapas semelhantes às de outros instrumentos encontrados no sítio, sugerindo um padrão técnico estabelecido. A utilização de ossos de grandes carnívoros aponta para actividade de caça ou aproveitamento de carcaças, mas os autores admitem igualmente um possível valor simbólico associado ao leão-das-cavernas.
Estas descobertas ampliam o conhecimento sobre a capacidade cognitiva dos neandertais, demonstrando planeamento, versatilidade e gestão de recursos para além das necessidades imediatas de alimentação. Os investigadores preparam agora comparações com achados de outros locais, na esperança de esclarecer a relação entre estes hominídeos e os grandes predadores do Pleistoceno.

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