A Fundação do Cancro estima que o número de óbitos por cancro colorretal no Brasil crescerá 36 % entre 2026-2030 e 2036-2040. O total de vítimas poderá passar de 146 000 para perto de 200 000, elevando a taxa de mortalidade de 13,5 para 18 casos por 100 000 habitantes.
Diferenças regionais no impacto da doença
Embora o aumento seja transversal a todo o território, surgem desigualdades marcantes entre regiões. O Sudeste deverá concentrar o maior volume absoluto, com mais de 100 000 mortes projectadas para o período 2036-2040. Já o Sul, mesmo com menos habitantes, apresenta a taxa proporcional mais elevada: quase 23 óbitos por 100 000 residentes.
No Centro-Oeste, o alerta vem do diagnóstico tardio. Segundo o levantamento, 58 % dos homens e 59 % das mulheres descobrem o tumor apenas no estádio 4, o mais avançado. Norte e Nordeste exibem actualmente taxas inferiores, mas a tendência de crescimento mantém-se; no Norte, por exemplo, os óbitos deverão subir de 6 800 para mais de 10 000 na próxima década.
Diagnóstico tardio compromete a sobrevivência
Os dados mostram que 78 % das mortes registadas ocorrem nos estádios 3 ou 4. Entre os homens, a maioria dos óbitos acontece já em estádio 4. Países com programas estruturados de rastreio atingem 65 % de sobrevivência cinco anos após o diagnóstico. No Brasil, a taxa desce para 48,3 % no cancro do cólon e 42,4 % no do reto.
O coloproctologista Alexandre Nishimura, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca o crescimento da doença em pessoas com menos de 50 anos, grupo anteriormente fora das recomendações de rastreio. Para o especialista, é necessário rever as directrizes e expandir exames como pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia.
Ausência de programa nacional de rastreio
Actualmente, o Brasil não dispõe de um sistema público organizado para detecção precoce. O diagnóstico depende da iniciativa individual ou da suspeita clínica num serviço de saúde. A Fundação do Cancro sublinha que a falta de investimento em infra-estrutura, formação de profissionais e planeamento limita a implementação de um programa robusto.
Luiz Augusto Maltoni, director executivo da instituição, afirma que, sem um plano nacional de prevenção, o cenário dificilmente se alterará. O responsável defende a mesma estratégia adoptada por países que reduziram a mortalidade com rastreio regular, tratamento rápido e campanhas de sensibilização.

Imagem: metropoles.com
Sinais de alerta e factores de risco
O tumor pode manifestar-se através de sangue nas fezes, alterações persistentes do trânsito intestinal, sensação de evacuação incompleta, cólicas frequentes ou perda de peso sem explicação. Fadiga e anemia crónica também merecem investigação.
Factores como idade avançada, histórico familiar, consumo regular de carnes processadas, sedentarismo, obesidade, tabagismo e ingestão excessiva de álcool elevam significativamente o risco de desenvolver cancro colorretal.
Desafio para a saúde pública
A combinação de envelhecimento populacional, estilos de vida pouco saudáveis e ausência de rastreio estruturado cria um cenário preocupante para as próximas duas décadas. Sem mudanças na política de saúde, o país poderá enfrentar não só o aumento das mortes, mas também custos mais elevados com tratamentos de fase avançada.
Especialistas defendem que a adopção de hábitos saudáveis, aliada a um programa nacional de rastreio, é essencial para inverter a tendência. Investir em prevenção, detectar precocemente e garantir acesso rápido ao tratamento são apontados como passos decisivos para reduzir a mortalidade projectada até 2040.

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