Fezes em formato de “fita” podem sinalizar câncer colorretal, alertam especialistas

Alterações no formato das fezes, especialmente quando surgem alongadas e achatadas como uma “fita”, podem indicar a presença de um tumor na porção final do intestino. O alerta ganhou destaque em 2023, quando a cantora Preta Gil, morta no domingo, 20, relatou no programa Mais Você ter percebido esse sinal antes de receber o diagnóstico de câncer colorretal.

Na entrevista concedida a Ana Maria Braga, a artista contou que convivia havia cerca de seis meses com constipação intensa. Ela chegou a permanecer dez dias consecutivos sem evacuar e, quando conseguia, as fezes apareciam com sangue e muco. Além da coloração alterada, o material saía estreito e achatado. Conforme explicou, o tumor localizado no reto comprimia o bolo fecal e moldava o resíduo nesse formato incomum.

A constipação prolongada foi acompanhada de picos de pressão arterial e dores de cabeça. Em sua primeira internação, os médicos atribuíram os sintomas a uma cefaleia e recomendaram avaliação neurológica. No dia seguinte, a cantora despertou, tentou usar o banheiro e percebeu sangramento abundante que escorria pelas pernas. Após desmaiar, foi levada às pressas para um hospital. Uma tomografia realizada na chegada detectou o tumor, acelerando o início da investigação oncológica.

Preta Gil também revelou não ter realizado colonoscopia antes do diagnóstico. O exame permite observar o interior do intestino grosso com um tubo flexível dotado de microcâmera. Durante o procedimento, eventuais pólipos podem ser removidos imediatamente, reduzindo o risco de evolução para câncer. Sociedades médicas recomendam a colonoscopia a partir dos 45 anos ou mais cedo quando há histórico familiar da doença. Segundo a cantora, a limitação de acesso ao exame ainda impede parte da população de realizar a avaliação preventiva.

O caso reforça a preocupação crescente com o aumento do câncer colorretal em adultos mais jovens. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apresentados no Jornal Nacional de segunda-feira, 21, indicam que mais de 45 mil brasileiros receberão esse diagnóstico em 2025. Trata-se do terceiro tipo de câncer mais frequente em homens e mulheres, atrás apenas do câncer de pele não melanoma e dos tumores de mama e próstata.

As mortes pela doença também avançam. Em 2020, pouco mais de 20 mil pessoas perderam a vida em decorrência do câncer colorretal no país. No ano passado, o número chegou a quase 26 mil. Especialistas atribuem o aumento à combinação de envelhecimento populacional, dieta rica em alimentos ultraprocessados, sedentarismo e demora na realização de exames de rastreamento.

Os sinais de alerta incluem sangue nas fezes, mudança no hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, sensação de evacuação incompleta e perda de peso sem explicação. A orientação é procurar atendimento médico sempre que esses sintomas persistirem por mais de algumas semanas. O diagnóstico precoce melhora consideravelmente as chances de cura, que podem ultrapassar 90 % quando o tumor é detectado em estágio inicial.

A experiência de Preta Gil evidencia a importância de observar alterações no padrão intestinal e de priorizar avaliações médicas, mesmo em meio à rotina de trabalho. Identificar rapidamente mudanças como o formato em “fita”, presença de sangue ou muco e constipação prolongada pode acelerar a busca por exames e tratamentos adequados, contribuindo para reduzir a mortalidade associada ao câncer colorretal.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca) e depoimento concedido pela cantora Preta Gil ao programa Mais Você (2023)

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