Um esquema fraudulento tem circulado no TikTok com recurso a relatos falsos de deportação para recolher informações pessoais dos utilizadores. A operação utiliza vídeos aparentemente inofensivos, mas esconde ligações destinadas a atrair vítimas para questionários onde são solicitados dados sensíveis.
Estratégia do golpe e perfis envolvidos
Os conteúdos partilham um padrão semelhante. A maioria mostra jovens mulheres que afirmam ter trabalhado em grandes cadeias de retalho nos Estados Unidos, como Walmart ou Target. Nos vídeos, as supostas funcionárias dizem ter sido demitidas e, em alguns casos, deportadas pelo Immigration and Customs Enforcement (ICE). Durante o testemunho, surgem bandeiras de vários países a insinuar que as protagonistas são estrangeiras em situação irregular.
As imagens não pertencem às autoras das publicações. São gravações retiradas de criadores legítimos que documentam a rotina laboral nessas lojas. O áudio, por sua vez, é substituído por uma narração gerada com recurso a inteligência artificial. O argumento inicial descreve a alegada investigação do ICE, mas rapidamente muda para uma suposta campanha de avaliações de produtos que, segundo os golpistas, oferece cupões até 700 dólares.
Nesse momento, é apresentado um link encurtado na descrição ou sobreposto ao vídeo. Ao clicar, o utilizador é encaminhado para um formulário que solicita nome completo, morada, número de telefone e, nalguns casos, dados de pagamento. A captura dessas informações permite fraudes bancárias, abertura de contas em nome de terceiros ou venda dos registos na dark web.
Como identificar e evitar as publicações fraudulentas
O sucesso do esquema depende do algoritmo For You, que oferece forte exposição orgânica a conteúdos que geram interações rápidas. Comentários solidários e partilhas ajudam a impulsionar os vídeos, aumentando o alcance e, consequentemente, o número de potenciais vítimas.
Para reconhecer este tipo de fraude, especialistas em cibersegurança sugerem sinais de alerta:
- Histórias dramáticas ou emocionais que alegam injustiças laborais ou deportação sem fornecer provas.
- Vídeos onde a narração não coincide com o movimento labial da pessoa filmada.
- Promessas de recompensas elevadas em troca de respostas rápidas a inquéritos.
- Links encurtados ou com domínios pouco familiares, ocultos na descrição.
Se uma publicação levantar suspeitas, recomenda-se não clicar em quaisquer ligações e denunciar o conteúdo através das ferramentas internas da plataforma.
Resposta do TikTok e extensão do problema
Após relatos de utilizadores, o TikTok removeu alguns dos links maliciosos. No entanto, variações do golpe continuam a surgir, sugerindo que os responsáveis mudam de conta e reformulam os vídeos para contornar os filtros automatizados. Até ao momento, não existem indícios de que o esquema atinja apenas o público norte-americano; o formato pode ser adaptado para outros idiomas e temas consoante a atualidade local.

Imagem: tecmundo.com.br
A plataforma afirma utilizar sistemas de deteção baseados em inteligência artificial para identificar comportamentos anómalos, mas reconhece que a velocidade de publicação exige vigilância constante da comunidade. Por essa razão, os utilizadores são encorajados a verificar a autenticidade de ofertas e a consultar os perfis oficiais das marcas antes de partilhar dados pessoais.
Consequências para as vítimas
Quem fornece informações no formulário recebe, em alguns casos, chamadas telefónicas de supostos representantes de retalho que confirmam dados e solicitam códigos de verificação enviados por SMS. Desta forma, os criminosos tentam habilitar serviços bancários, redes sociais ou carteiras digitais em nome da vítima. Também foram registadas tentativas de subscrições não autorizadas a serviços de streaming e pedidos de empréstimos de baixo valor.
No pior cenário, os dados obtidos podem ser combinados com outras fugas de informação para criar perfis de crédito falsos, comprometendo a reputação financeira das vítimas por tempo indeterminado.
Dicas de proteção
As autoridades de cibersegurança recomendam:
- Evitar clicar em links externos partilhados em vídeos ou comentários.
- Confirmar a autenticidade de promoções através dos canais oficiais das marcas.
- Utilizar soluções de segurança que alertem para endereços suspeitos.
- Ativar autenticação de dois fatores em contas bancárias e redes sociais.
- Monitorizar extratos e relatórios de crédito para detetar atividade invulgar.
Num ambiente onde a popularidade dos vídeos pode ser manipulada, a navegação informada continua a ser a melhor defesa contra estratégias que exploram emoções e curiosidade para obter dados sensíveis.

Olá! Meu nome é Zaira Silva e sou a mente inquieta por trás do soumuitocurioso.com.
Sempre fui movida por perguntas. Desde pequena, queria saber como as coisas funcionavam, por que o céu muda de cor, o que está por trás das notícias que vemos todos os dias, ou como a tecnologia está transformando o mundo em silêncio, aos poucos. Essa curiosidade virou meu combustível — e hoje, virou um blog inteiro.