O Grêmio vive um dos períodos mais complexos para contratar jogadores nos últimos anos. A direção gaúcha precisa lidar simultaneamente com orçamento restrito, exigências técnicas específicas, excesso de estrangeiros no elenco e um cenário esportivo pouco convidativo, já que o clube não disputa a Libertadores nem projeta conquistas imediatas.
A comissão técnica comandada por Mano Menezes pede atletas prontos para assumir vaga na equipe principal. Desde a chegada do treinador, porém, apenas o volante Alex Santana foi apresentado com esse perfil. A necessidade de rapidez se justifica pelo calendário apertado: não há margem para que reforços passem por longa adaptação, como ocorreu com o colombiano Cuéllar. Contratado após passagem pelo futebol árabe, o volante ainda não se firmou devido a lesões e déficit físico, servindo de alerta para novas investidas.
O clube também trabalha com diretrizes rígidas de mercado. Existe preferência por jogadores brasileiros, mesmo após a saída do uruguaio Arezo, emprestado ao Peñarol. A opção limita alternativas, mas é reflexo de um problema regulatório: o Grêmio já conta 11 estrangeiros em seu elenco, dois acima do limite de nove permitido em competições nacionais. A relação inclui o volante Carballo, de volta do New York Red Bulls, ainda não reintegrado aos treinos do grupo principal. Qualquer contratação de fora do país obrigaria a saída ou o empréstimo de atletas para regularizar a situação.
Outro obstáculo é a perda de poder de sedução junto aos alvos. Sem presença na principal competição continental e sem perspectiva de títulos a curto prazo, o clube oferece retorno desportivo reduzido em comparação com temporadas recentes. Para completar, concorrentes estrangeiros dispõem de orçamentos superiores, o que tende a atrair jogadores que poderiam reforçar o elenco tricolor. Foi o caso do zagueiro Adryelson, ex-Botafogo: procurado para ser titular pelo lado direito da defesa, ele optou por assinar com o Al-Wasl, dos Emirados Árabes Unidos.
A janela de transferências permanecerá aberta até 2 de setembro, mas a pressão sobre o departamento de futebol já é intensa. No início do ano, as contratações tinham como objetivo ampliar o leque de opções para três competições simultâneas — Copa do Brasil, Sul-Americana e Campeonato Brasileiro. A partir de junho, com eliminações e queda de rendimento, o perfil de busca mudou: hoje o foco exclusivo é elevar o patamar do time titular.
Nesse novo contexto, Mano Menezes solicitou um armador logo após a derrota para o Alianza Lima. O pedido ganhou caráter emergencial porque as alternativas internas, Cristaldo e Monsalve, não alcançaram o desempenho esperado. O clube analisa nomes que reúnam ritmo competitivo, capacidade de criação imediata e adequação financeira, mas ainda não chegou a um consenso.
Além de um meio-campista criativo, a direção mira um zagueiro destro e um volante de maior mobilidade para “abrir” o meio-campo. As negociações, todavia, esbarram em fatores já conhecidos. Um dos alvos, Caíque, do Juventude, teve a contratação praticamente selada, mas foi reprovado nos exames médicos e não assinou o vínculo por detalhes de laudo clínico.
A limitação financeira aparece em cada etapa do processo. O clube trata como inviável arcar com grandes luvas ou salários fora do teto estipulado para 2024. Dessa forma, atletas com mercado na Europa, Oriente Médio ou mesmo em rivais diretos da Série A tendem a receber propostas superiores. Sem poder gastar alto, o Grêmio tenta convencer potenciais reforços oferecendo vitrine na primeira divisão e a promessa de protagonismo imediato, argumento que nem sempre se sobrepõe ao fator econômico.
Enquanto as negociações avançam lentamente, Mano Menezes mantém a base atual para disputar o Brasileiro. O treinador repete que precisa de reforços “prontos”, mas admite que, se nada mudar até o fim da janela, terá de seguir contando com o elenco atual. Até lá, o departamento de futebol procura equilibrar limitações orçamentárias, regras de inscrição e demandas técnicas para entregar ao técnico as peças consideradas fundamentais na luta por uma campanha consistente na segunda metade da temporada.

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