Lâmpada elétrica evolui de arco voltaico a LED inteligente em dois séculos

Humphry Davy acendeu o primeiro arco voltaico em 1809; hoje, as lâmpadas inteligentes integram ecossistemas domésticos. Entre estes marcos cabem mais de duzentos anos de avanços técnicos, industriais e comerciais.

Primeiros passos e consolidação industrial

Em 1809, o químico britânico Humphry Davy produziu luz ao ligar uma tira de carbono entre os polos de uma bateria, inaugurando o princípio da lâmpada de arco voltaico. Décadas depois, Warren de la Rue e Joseph Swan aperfeiçoaram o conceito, mas seria Thomas Edison, em outubro de 1879, a popularizar a lâmpada incandescente. O filamento de algodão carbonizado permaneceu aceso 45 horas, resultado suficiente para garantir a patente e atrair investidores.

Edison criou em seguida a Edison Electric Light Company, capaz de fornecer energia em larga escala e viabilizar a venda conjunta de lâmpadas e eletricidade. O modelo foi replicado em 1882 com a primeira estação elétrica dedicada à iluminação pública em Nova Iorque.

No mesmo período, Nikola Tesla defendia a corrente alternada como solução mais eficiente para longas distâncias, posicionando-se contra a corrente contínua de Edison. A disputa culminou na vitória da Westinghouse, que iluminou a Feira Mundial de Chicago em 1893 e instalou a central hidroelétrica das Cataratas do Niágara.

A consolidação industrial incluiu ainda a fusão, em 1892, da Thomson-Houston com a empresa de Edison, criando a General Electric. Foi também um tempo de contributos menos reconhecidos, como o de Lewis Latimer, cuja lâmpada de filamento de carbono reduziu custos e prolongou a vida útil do produto.

Novos tipos de iluminação

A procura crescente — 45 milhões de unidades anuais nos Estados Unidos por volta de 1900 — impulsionou variantes:

  • 1902 – Georges Claude apresenta a lâmpada de néon.
  • 1906 – General Electric regista o filamento de tungsténio.
  • 1938 – Surge a lâmpada fluorescente, mais eficiente mas com mercúrio.
  • 1955 – Philips lança a lâmpada halogénea, capaz de temperaturas superiores.
  • 1962 – Aparece a lâmpada de vapor de sódio, comum em iluminação pública.
  • 1963 – Nick Holonyac desenvolve o primeiro LED vermelho.
  • 1994 – A Nichia apresenta o LED azul, passo decisivo para o LED branco em 1999.

Era LED e casas conectadas

Com elevado rendimento e ausência de metais pesados, o LED tornou-se padrão a partir da década de 2010. Muitos países planeiam eliminar lâmpadas fluorescentes até 2025, substituindo-as por LED.

O passo seguinte chegou em 2012, quando a Philips Lighting — hoje Signify — lançou o kit Hue: três lâmpadas E27 geridas por aplicação móvel. A partir daí, iluminação passou a integrar sistemas de automação residencial, permitindo controlo remoto de intensidade, cor e consumo energético.

De um arco luminoso experimental às redes de casas inteligentes, a lâmpada elétrica demonstra como pesquisa científica, patentes e estratégias de mercado moldaram um dos objetos mais presentes na vida moderna.

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