Laser turco YILDIRIM 100 desvia mísseis guiados por calor em teste de campo

A indústria de defesa da Turquia concluiu, no início de julho, um ensaio operacional que comprovou a eficiência do sistema a laser YILDIRIM 100 na proteção de aeronaves contra mísseis guiados por infravermelho. Desenvolvido pela empresa estatal ASELSAN, o equipamento conseguiu interceptar e desorientar projéteis durante um exercício que simulou condições reais de combate, evitando qualquer impacto ou explosão.

O experimento demonstrou a capacidade do dispositivo de redirecionar mísseis antes que eles travem o alvo. Em vez de destruir o artefato, o sistema lança feixes direcionados de luz que cegam o sensor térmico do armamento, forçando-o a perder a rota de colisão. A abordagem, conhecida pela sigla DIRCM (Directed Infrared Countermeasure), representa uma alternativa de proteção silenciosa, rápida e de precisão, diferenciando-se dos métodos tradicionais que dependem de projéteis ou cargas explosivas para neutralizar ameaças.

Em sua configuração padrão, o YILDIRIM 100 incorpora um laser multiespectral de infravermelho capaz de operar em faixas distintas de comprimento de onda. Essa característica amplia a eficácia contra diferentes modelos de buscadores térmicos, dificultando a adaptação de contramedidas por parte dos fabricantes de mísseis. O conjunto é montado em duas torres estabilizadas que, em conjunto, cobrem todos os quadrantes ao redor da aeronave protegida.

O processo de defesa ocorre em três etapas. Primeiro, sensores de alerta de mísseis – por infravermelho ou ultravioleta – detectam o lançamento hostil. Na sequência, algoritmos de rastreamento calculam a trajetória do projétil e apontam o laser para o ponto exato onde se localiza o seeker. Por fim, pulsos de alta frequência são disparados, saturando o receptor óptico do míssil e frustrando o bloqueio de alvo. Todo o ciclo é automatizado e executado em frações de segundo, dispensando intervenção humana direta.

Segundo dados da fabricante, o equipamento apresenta consumo de energia relativamente baixo, atributo que simplifica a integração com plataformas aéreas já em serviço. A arquitetura modular permite instalação tanto em aviões de asa fixa quanto em helicópteros, atendendo operações de transporte, patrulha ou combate. Além disso, a função de engajamento simultâneo habilita o enfrentamento de múltiplas ameaças, cenário comum em conflitos atuais, nos quais ataques coordenados buscam saturar defesas convencionais.

A evolução do YILDIRIM 100 segue a tendência de sofisticação dos próprios mísseis que pretende neutralizar. Sistemas recentes empregam computadores embarcados para recalcular rotas, distinguir alvos falsos e manobrar em tempo real. Diante desse avanço, a solução turca aposta em automação integral, sensores de alta sensibilidade e processamento veloz, características consideradas imprescindíveis para proteger aeronaves em ambientes aéreos congestionados e dinâmicos.

Embora o uso militar de lasers para confundir inimigos remonte a conflitos ocorridos na década de 1980, a versão desenvolvida pela ASELSAN atualiza o conceito com tecnologias de geração de feixe, estabilização e software de controle adaptadas à guerra eletrônica contemporânea. A aplicação a bordo de aeronaves amplia a mobilidade e cobre altitudes variadas, ampliando a janela de defesa contra armas de curto ou médio alcance.

Paralelamente ao modelo testado, a companhia trabalha em uma variante mais potente, designada YILDIRIM 300. O projeto prevê funcionamento em velocidades superiores, requisito para sua futura adoção em caças de alta performance. A integração com aeronaves de primeira linha pretende elevar o patamar de defesa aérea turco a padrões praticados por nações com maior tradição no setor.

Após o êxito do ensaio, a ASELSAN informou que continuará a investir em sistemas de proteção baseados em laser, com foco em atender necessidades operacionais emergentes. A empresa avalia que a adoção de contramedidas dirigidas complementa outras camadas de defesa, formando um escudo multifuncional apto a responder a ameaças que evoluem rapidamente.

Com a homologação do YILDIRIM 100, a Turquia amplia o portfólio de soluções próprias em defesa e avança no objetivo de reduzir dependência externa em tecnologias estratégicas. O equipamento passa agora à fase de qualificação para integração em diferentes tipos de aeronaves militares e, eventualmente, civis que necessitem de proteção adicional contra mísseis guiados por calor.

Fonte: Canaltech

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