Mega data centers de IA levantam alertas sobre consumo de água e energia em várias cidades

A rápida proliferação de mega data centers dedicados à inteligência artificial está a gerar preocupações ambientais e sociais em diferentes regiões, desde os Estados Unidos ao Brasil. Especialistas alertam para o elevado consumo de eletricidade e água exigido por estas infraestruturas, num momento em que a procura por serviços de IA cresce de forma acentuada.

Estados Unidos reforçam capacidade com o projeto Stargate

A OpenAI e a Oracle anunciaram planos para acrescentar 4,5 GW de potência ao projeto Stargate, que poderá atingir 10 GW e absorver investimentos de 500 mil milhões de dólares. O objetivo passa por manter os Estados Unidos na liderança da corrida global pela inteligência artificial, mas a expansão implica um aumento significativo da procura energética até ao final da década.

Projetos no Brasil geram contestação

No Brasil, duas construções concentram as atenções. Em Caucaia, no estado do Ceará, o TikTok prepara um data center que deverá consumir, diariamente, energia equivalente à utilizada por 2,2 milhões de habitantes. A instalação necessitará ainda de grandes volumes de água para arrefecimento, facto que preocupa uma região historicamente afetada por estiagens.

Já em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, a Scala Data Center lança a chamada AI City. O investimento inicial ronda os 3 mil milhões de reais e prevê 54 MW de capacidade, podendo chegar a 4 750 MW — valor próximo do consumo elétrico de todo o estado do Rio de Janeiro. Agricultores locais receiam impactos sobre a disponibilidade de água, enquanto comunidades indígenas vizinhas afirmam não ter sido consultadas.

Autorizações e falta de estudos ambientais

Empreendimentos desta escala dependem de autorização especial do Ministério de Minas e Energia. Entre 21 pedidos registados no último ano, sete diziam respeito a data centers. Moradores e organizações civis apontam falta de transparência, ausência de estudos de impacto e celeridade excessiva nos processos de licenciamento.

Critérios de localização entram em debate

Analistas sublinham que a escolha do local influencia custos, eficiência e sustentabilidade. Proximidade de cabos submarinos, clima ameno e acesso a energias renováveis costumam ser fatores decisivos. Contudo, instalar centros de dados em áreas densamente povoadas pode facilitar a reutilização do calor gerado para aquecimento de edifícios, reduzindo o impacto global.

Enquanto a expansão dos data centers avança, comunidades afetadas pedem garantias de retorno económico e preservação dos recursos locais, colocando em evidência a necessidade de equilibrar inovação tecnológica com responsabilidade ambiental.

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