A Polícia Civil do Pará prendeu cinco pessoas e apreendeu diversos minicelulares durante a segunda fase da Operação Gabarito Final, realizada no domingo (20) em Marituba, na Região Metropolitana de Belém. A ação mirou um esquema de fraude em concursos públicos que utilizava aparelhos telefônicos de tamanho reduzido para transmitir respostas aos candidatos durante a prova.
Como funcionava o esquema
De acordo com a Delegacia de Estelionato e Outras Fraudes (Deof), o grupo contava com professores responsáveis por resolver as questões do certame em tempo real. Depois de elaborar o gabarito, esses profissionais enviavam as respostas por meio dos minicelulares, escondidos pelos candidatos dentro da sala de aplicação do exame. Os aparelhos, menores que celulares convencionais, possibilitavam comunicação discreta e passavam despercebidos em revistas superficiais.
A investigação aponta que cada participante interessado no serviço desembolsava cerca de R$ 2 mil antes da prova. Caso fosse aprovado, pagaria um valor adicional de R$ 20 mil à quadrilha. A polícia não detalhou quantos dos detidos eram próprios candidatos nem informou o número exato de dispositivos apreendidos.
Para conseguir o flagrante, agentes disfarçados participaram do concurso. Durante a ação, um dos suspeitos correu para o banheiro e tentou descartar um dos minicelulares em um vaso sanitário, mas foi impedido pelos policiais. As prisões foram efetuadas pelos crimes de fraude em certame público e associação criminosa.
Os envolvidos foram encaminhados inicialmente à Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe) e, em seguida, transferidos para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). As investigações continuam para identificar possíveis candidatos que tenham pago pelo serviço, além de outros integrantes da organização criminosa. A operação contou com apoio da Superintendência Regional do Baixo Tocantins.
O que são os minicelulares
Os minicelulares tornaram-se populares entre fraudadores pela facilidade de ocultação. Com dimensões reduzidas, muitas vezes inferiores a um isqueiro, esses aparelhos possuem funções básicas de telefonia e permitem troca de mensagens via redes móveis convencionais. Por não emitirem sinais de rádio potentes como smartphones, costumam escapar de detectores de metais menos sensíveis e podem ser escondidos em peças de roupa ou objetos pessoais.
No ambiente de concursos e vestibulares, os dispositivos são empregados para receber áudios ou textos contendo respostas, tornando-se peça-chave em esquemas de cola eletrônica. A portabilidade e o baixo custo contribuem para a proliferação desse tipo de fraude em diferentes regiões do país.
Fraudes virtuais também preocupam
Enquanto a Polícia Civil combate golpes presenciais em concursos, um levantamento da plataforma de denúncias SOS Golpe, em parceria com a fintech CloudWalk, mostra que fraudes online continuam em alta. O estudo analisou cerca de 11,8 mil relatos registrados entre janeiro e maio de 2025 e concluiu que o golpe da loja virtual falsa foi o mais comum no período.
Dos registros avaliados, 5,3 mil (45,1%) envolviam compras não recebidas em sites que simulam comércios legítimos. A modalidade predominou na maior parte do território nacional, exceto em Roraima, onde o golpe do vendedor de itens usados liderou, e no Acre, onde casos de empresas clonadas foram mais frequentes.
Segundo o relatório, criminosos aproveitam ferramentas de publicidade nas redes sociais para impulsionar anúncios e alcançar vítimas em potencial. Páginas que imitam marcas conhecidas, preços muito abaixo do mercado e exigência de pagamento imediato por meio de boletos ou transferências instantâneas estão entre os sinais de alerta identificados pelos pesquisadores.
Embora a investigação no Pará trate de fraude em concursos, a existência de diferentes modalidades de golpe — presenciais ou virtuais — reforça a necessidade de atenção redobrada de candidatos e consumidores. A Deof informou que segue coletando indícios para responsabilizar todos os envolvidos na utilização de minicelulares, enquanto especialistas em segurança digital recomendam práticas básicas de verificação de autenticidade antes de qualquer transação online.
Com operações simultâneas em ambientes físicos e digitais, autoridades esperam inibir esquemas que prejudicam tanto a integridade de concursos públicos quanto o comércio eletrônico no país.
Fonte: Olhar Digital

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