Bruxelas — A NATO passou a gerir de forma centralizada o calendário de entregas de grandes lotes de armamento à Ucrânia, depois de vários aliados europeus terem anunciado novos pacotes de ajuda militar adquiridos nos Estados Unidos.
Coordenação passa para a aliança
O mecanismo, anunciado na segunda-feira, prevê expedições regulares de sistemas de defesa aérea, munições e peças sobresselentes. Segundo a organização, duas remessas deverão chegar ainda este mês, enquanto um conjunto financiado por países nórdicos está programado para setembro.
A iniciativa ganhou impulso com a decisão dos Países Baixos de disponibilizar equipamento avaliado em 500 milhões de euros. Poucas horas depois, a Suécia confirmou uma contribuição de 275 milhões de dólares para um esforço conjunto com Dinamarca e Noruega que totaliza 500 milhões de dólares em material defensivo e anticarro.
Defesa aérea como prioridade
As baterias antiaéreas concentram a maior parte das solicitações de Kiev. A ONU calcula que os bombardeamentos russos em zonas urbanas já tenham provocado mais de 12 000 vítimas civis, número que reforçou a urgência de reforçar a proteção do espaço aéreo ucraniano.
A Alemanha adiantou que enviará nos próximos dias mais dois sistemas Patriot, decisão possível após garantir de Washington o reabastecimento dos seus arsenais. Este tipo de armamento é produzido exclusivamente nos Estados Unidos, razão pela qual vários governos europeus recorrem ao mercado norte-americano para cobrir rapidamente as necessidades identificadas pelo Estado-Maior ucraniano.
Volume financeiro e logística
De acordo com o Instituto Kiel, os países europeus comprometeram, até junho, 72 mil milhões de euros em apoio militar desde o início da invasão em fevereiro de 2022, ultrapassando os 65 mil milhões de dólares atribuídos pelos Estados Unidos no mesmo período. Apesar disso, a maior parte do novo equipamento europeu continua a ser comprada a fabricantes norte-americanos, que dispõem de stocks prontos a entregar.
O secretário de Estado neerlandês da Defesa, Ruben Brekelmans, sublinhou que os mísseis e as munições de fabrico americano “são cruciais” para manter a resistência ucraniana. “Os ataques russos visam aterrorizar a população e quebrar a moral”, afirmou ao anunciar o contributo de Haia.

Imagem: Efrem Lukatsky via globalnews.ca
Reação de Kiev
O Presidente Volodymyr Zelenskyy agradeceu publicamente o novo pacote holandês e destacou que o reforço da defesa aérea “protegerá vidas ucranianas e europeias”. O chefe de Estado alertou ainda que Moscovo está a intensificar as ofensivas ao longo dos mil quilómetros de frente, com especial incidência sobre Pokrovsk, centro logístico cujo controlo facilitaria um avanço russo para o interior do país.
Posição dos Estados Unidos e papel da NATO
Enquanto a NATO, institucionalmente, fornece apenas ajuda não-letal — como tendas, equipamento médico e apoio logístico —, a presença de um centro de coordenação reflecte uma expansão do seu envolvimento desde janeiro, quando Donald Trump assumiu a Presidência norte-americana. A administração insiste que os aliados europeus devem assumir a principal responsabilidade pela segurança regional e, até ao momento, não anunciou novos envios de armas próprios.
Em declarações recentes, Trump limitou-se a indicar que Washington “fornecerá equipamento” à NATO, deixando aos 32 membros da aliança a definição do destino final dos recursos. Este enquadramento levou Ottawa e capitais europeias a recorrerem às reservas norte-americanas através de compras diretas, assegurando que o material chegue rapidamente à linha da frente.
Com as entregas agora calendarizadas pela NATO, espera-se que os intervalos entre pacotes sejam reduzidos e que as prioridades operacionais de Kiev sejam atualizadas de forma contínua, numa tentativa de contrabalançar o avanço lento, mas consistente, das forças russas.

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