Partido Novo anunciará pré-candidatura de Romeu Zema à Presidência em 16 de agosto

O Partido Novo marcou para 16 de agosto, em São Paulo, o lançamento oficial da pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, à Presidência da República. A sigla prevê a presença de cerca de 2 000 apoiadores no ato e afirma que a iniciativa foi avalizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem Zema se reuniu em 14 de julho para comunicar a decisão.

Segundo nota divulgada pelo Novo, Bolsonaro recebeu a informação de forma favorável e estimulou o governador mineiro a concorrer, argumentando que a direita se fortalece quando exibe mais nomes no primeiro turno. O ex-presidente está inelegível até, pelo menos, 2030, em decorrência de decisões do Tribunal Superior Eleitoral, e não pode disputar o pleito de 2026.

Com a exclusão de Bolsonaro da corrida eleitoral, lideranças conservadoras passaram a ser mencionadas como potenciais candidatos. Entre os governadores, Tarcísio de Freitas, de São Paulo (Republicanos), é considerado o mais competitivo, enquanto Ratinho Junior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Eduardo Leite (PSD-RS) também aparecem nas especulações. Além deles, nomes da família Bolsonaro, como Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), são citados como possíveis postulantes.

Romeu Zema, de 59 anos, comanda Minas Gerais desde 2019 e foi reeleito em primeiro turno em 2022. Em 2018, ele saiu do terceiro lugar nas pesquisas para vencer a disputa estadual com mais de 70 % dos votos válidos no segundo turno. Naquele pleito, aproximou-se do então candidato Jair Bolsonaro durante debate televisionado, apesar de o Novo ter lançado João Amoêdo à Presidência. Para aliados, a estratégia foi decisiva para atrair o eleitorado conservador mineiro.

Desde então, o relacionamento entre Zema e Bolsonaro oscilou entre momentos de alinhamento e de distanciamento. Durante a pandemia de Covid-19, o governador mineiro avaliou publicamente que o governo federal “subestimou” a gravidade do vírus. Já na campanha de 2022, embora reconhecesse que o ex-presidente era “impulsivo” em declarações, Zema afirmou nunca ter visto uma fala de Bolsonaro pôr em risco a democracia.

Em 2024, nas eleições municipais de Belo Horizonte, Bolsonaro participou de dois atos a favor do candidato Bruno Engler (PL). Zema, contudo, não esteve presente em nenhuma das agendas, o que foi interpretado como sinal de cautela para preservar alianças regionais e apoiar candidatos do Novo.

No mês passado, em entrevista à imprensa, o governador mineiro declarou que, se eleito presidente, concederia indulto a Bolsonaro. Na ocasião, indicou que só pretendia disputar o Planalto se o ex-mandatário permanecesse impedido. Zema disse ainda que considera saudável para o campo conservador apresentar múltiplas opções ao eleitor, mas manifestou desejo de que Bolsonaro recupere os direitos políticos.

Questionado sobre o período do regime militar, o governador afirmou que a caracterização de ditadura seria “questão de interpretação”. A declaração gerou críticas de historiadores e de opositores, mas reforçou a tentativa de Zema de dialogar com a base bolsonarista mais fervorosa.

A proximidade com Bolsonaro voltou a se evidenciar em 18 de julho, quando a Polícia Federal realizou operação contra o ex-presidente por suposta falsificação de dados de vacinação. O Supremo Tribunal Federal determinou que Bolsonaro utilizasse tornozeleira eletrônica. Zema classificou as medidas como “perseguição política” e passou a frequentar manifestações que pedem anistia aos acusados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, sustenta que a trajetória de Zema em Minas demonstra capacidade de gestão e de expansão eleitoral. Para a sigla, o desempenho no segundo maior colégio eleitoral do país credencia o governador a liderar um projeto nacional. A legenda aposta em agenda liberal, defesa do ajuste fiscal e redução do tamanho do Estado, pautas que Zema vem promovendo desde o primeiro mandato no Palácio Tiradentes.

O ato de 16 de agosto marcará o primeiro grande teste de apoio popular ao projeto presidencial do governador. Após o lançamento, Zema pretende intensificar viagens a outras regiões e participar de eventos partidários para se tornar mais conhecido fora de Minas Gerais. Dentro do Novo, também há expectativa de formar alianças com outras siglas de perfil liberal ou conservador para construir palanque competitivo em 2026.

A pré-campanha deve ocorrer até o segundo semestre de 2025, quando a legislação eleitoral permite a formalização de candidaturas. Até lá, o governador mineiro buscará equilibrar apoio bolsonarista e discurso de gestão técnica, na tentativa de ampliar seu alcance entre eleitores de centro-direita e empresários simpáticos a reformas econômicas.

Mesmo com o incentivo de Bolsonaro, o cenário permanece aberto. Pesquisas ainda iniciais mostram que o eleitorado de direita aguarda definição sobre quem representará o ex-presidente na disputa. Zema aposta que a combinação de resultados administrativos em Minas e discurso liberal poderá atrair esse segmento e projetá-lo para o Planalto.

Fonte: Folha de S.Paulo

Deixe uma resposta