Praga de Justiniano: DNA revela origem da primeira pandemia

Praga de Justiniano: DNA revela origem da primeira pandemia

Praga de Justiniano: DNA revela origem da primeira pandemia

Praga de Justiniano: DNA revela origem da primeira pandemia Pesquisadores analisaram material genético extraído de oito dentes encontrados em uma vala comum na antiga Gérasa, atual Jordânia, e confirmaram que a bactéria Yersinia pestis iniciou o surto que varreu o Império Bizantino no século VI.

Descoberta genética confirma agente da pandemia

Os vestígios foram localizados no hipódromo da cidade, transformado em sepultura coletiva quando o número de mortes se multiplicou entre 541 e 542 d.C. A identificação da Y. pestis fornece a primeira evidência biomolecular direta da presença da peste na chamada “Praga de Justiniano”, considerada o primeiro evento pandêmico documentado. Estimativas históricas apontam de 30 a 50 milhões de vítimas, quase metade da população da época.

Segundo Rays H. Y. Jiang, professor da Universidade do Sul da Flórida e líder dos estudos publicados nas revistas Genes e Pathogens, a descoberta “encaixa a peça que faltava” para compreender a dinâmica da doença no coração do império.

Propagação rápida pelo Império Bizantino

Os primeiros registros situam o início do surto em Pelúsio, no Egito, em 541 d.C. Em poucos meses, a infecção percorreu rotas comerciais até alcançar a Península Ibérica e a Pérsia, atingindo inclusive o imperador Justiniano I, que sobreviveu. A uniformidade genética das cepas encontradas em Gérasa indica que a bactéria já circulava no começo da epidemia.

Comparações com genomas modernos e ancestrais revelam que as linhagens pandêmicas de Y. pestis surgiram em vários momentos da evolução bacteriana, sugerindo múltiplas oportunidades de adaptação. Hoje, a peste continua presente em focos endêmicos ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, o que reforça a importância de monitoramento constante.

Próximos passos da pesquisa

A equipe planeja estudar restos humanos de Lazzaretto Vecchio, a “ilha da peste” de Veneza, para rastrear a evolução do patógeno ao longo dos séculos. Os cientistas querem entender por que a doença persiste, ainda que de forma discreta, e como estratégias de contenção podem falhar diante da capacidade de adaptação bacteriana.

Este avanço reforça o valor das análises de DNA antigo para reconstituir grandes crises sanitárias e pode apoiar ações preventivas contra futuras epidemias. Para saber mais sobre investigações científicas que transformam nosso entendimento do passado e do presente, visite nossa seção de Ciencia e Tecnologia e continue explorando.

Crédito da imagem: Petar Milošević / Wikimedia Commons

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