Preta Gil deixa catálogo de 12 obras autorais e 271 gravações registradas, indica Ecad

Rio de Janeiro — A cantora e empresária Preta Gil, morta no domingo, 20 de outubro, aos 50 anos, por complicações de um câncer no intestino, possui 12 obras musicais autorais e 271 gravações cadastradas na gestão coletiva de direitos no Brasil. Os dados foram confirmados pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), responsável pela arrecadação e distribuição de direitos autorais no país.

De acordo com a Lei dos Direitos Autorais, os rendimentos decorrentes da execução pública dessas canções serão repassados ao filho da artista, o também músico Francisco Gil, pelo prazo de 70 anos após o falecimento da mãe. O catálogo reúne gravações originais, versões ao vivo e registros em formatos físicos ou digitais, o que explica o número elevado de interpretações vinculadas ao repertório.

Canções mais executadas

Entre as faixas gravadas por Preta Gil como intérprete, “Sinais de Fogo”, composição de Ana Carolina e Totonho Villeroy, foi a mais tocada nos últimos cinco anos nos segmentos de rádio, casas de festa, diversão pública e sonorização ambiental. Na sequência aparecem “Milla”, “Meu Corpo Quer Você”, “Medida do Amor”, “Realce”, “Decote”, “Espelhos d’Água”, “Só o Amor”, “Meu Xodó” e “Ver o Mar”.

Início tardio e discografia

Filha de Gilberto Gil e afilhada de Gal Costa, Preta Gil deixou a carreira de produtora e publicitária aos 29 anos para lançar o álbum de estreia “Prêt-à-Porter”. O trabalho apresentou ao público o hit “Sinais de Fogo” e ganhou repercussão também pela capa, que exibia a cantora nua — episódio que a acompanhou em debates sobre racismo e gordofobia.

Ao longo de duas décadas de atividade, a artista lançou quatro álbuns de estúdio, dois registros ao vivo, dois DVDs, diversos singles e uma série de videoclipes. O repertório inclui colaborações com nomes como Ivete Sangalo, Banda Psirico, Gal Costa, Gloria Groove, Naldo Benny e Tuca Fernandes, reforçando a multiplicidade de gêneros que marcou sua trajetória.

Carnaval e projetos paralelos

Em 2010, a cantora levou às ruas do Rio de Janeiro o Bloco da Preta, que rapidamente se tornou um dos maiores desfiles de Carnaval da cidade. Sete anos depois, o bloco arrastou mais de 500 mil foliões pelo centro da capital fluminense, homenageando o apresentador Chacrinha. No mesmo período, o projeto ganhou versão em Salvador, ampliando a presença da artista na folia baiana.

Além da música, Preta Gil participou de novelas, apresentou programas de televisão e abriu frentes de negócios no mercado de mídias digitais e influência on-line. A versatilidade rendeu convites para podcasts e eventos de entretenimento, consolidando sua imagem como figura atuante em diversas frentes da indústria cultural.

Família e laços artísticos

Nascida em 8 de agosto de 1974, Preta Maria Gadelha Gil Moreira era a primeira filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha. O casal também teve Pedro e Maria. A artista ainda convivia com cinco irmãos: Nara e Marília, filhas de Belina de Aguiar, e Bem, José e Bela Gil, do relacionamento do pai com Flora Gil. Ela deixa o filho Francisco e a neta Sol de Maria, de nove anos.

Doença e tratamento

O diagnóstico inicial de câncer no intestino foi confirmado em janeiro de 2023. Após sessões de quimioterapia, radioterapia e uma cirurgia para retirada de tumores em agosto de 2024, exames posteriores mostraram a presença de novas metástases, levando a cantora a buscar terapias experimentais nos Estados Unidos.

Instalada em Nova York, Preta viajava periodicamente a Washington para acompanhamento em um centro médico especializado. A internação mais recente ocorreu no fim de semana que antecedeu a morte, confirmada pelo núcleo familiar. Os procedimentos de repatriação do corpo estão sob cuidado dos parentes, informou Gilberto Gil em comunicado divulgado ontem.

Preta Gil construiu carreira marcada pela defesa da diversidade, pela abertura de caminhos no entretenimento e por um catálogo que segue gerando receitas e audiências. Os números do Ecad evidenciam a dimensão do legado deixado pela cantora, cuja obra permanecerá disponível em plataformas digitais e em futuras execuções públicas.

Fonte: g1

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