Reino Unido ameaça reconhecer Estado palestiniano em setembro se Israel não agir

O governo britânico definiu setembro como prazo-limite para reconhecer oficialmente a Palestina, caso Israel não avance com medidas concretas para travar a crise em Gaza e relançar o processo de paz.

Condições apresentadas por Keir Starmer

Num comunicado divulgado após uma reunião extraordinária do gabinete, o primeiro-ministro Keir Starmer indicou quatro requisitos para evitar o reconhecimento unilateral:

– implementação de um cessar-fogo em Gaza;
– garantia de que não haverá anexações na Cisjordânia;
– compromissos claros num processo que conduza a uma solução de dois Estados;
– passos “substanciais” para aliviar a situação humanitária no enclave.

O líder trabalhista sublinhou que a decisão será formalizada antes do arranque da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em meados de setembro, caso não existam progressos visíveis. Starmer reiterou igualmente exigências dirigidas ao Hamas: libertação de todos os reféns, adesão a um cessar-fogo, renúncia a qualquer papel no governo de Gaza e desarmamento total.

Pressão interna e cenário humanitário

A posição marca uma ruptura com a política britânica das últimas décadas, que condicionava o reconhecimento palestiniano a um momento “oportuno”, sem calendário definido. A mudança surge após crescente pressão de deputados do Partido Trabalhista, que defendem este passo como forma de pressionar Telavive.

A decisão acontece ainda num contexto de agravamento da crise alimentar em Gaza. De acordo com o sistema de classificação internacional IPC, o território enfrenta um cenário de fome generalizada após quase dois anos de conflito e bloqueio. Organizações humanitárias alertam para mortes por desnutrição e relatam saque a camiões de ajuda antes da chegada aos destinos previstos.

Coordenação europeia

Starmer convocou o gabinete em pleno período de férias para avaliar um plano de paz que está a ser desenvolvido em conjunto com outros líderes europeus e para discutir formas de aumentar a assistência humanitária. Londres afirma que, apesar das “pausas diárias” anunciadas por Israel, a entrada de ajuda continua insuficiente e a população permanece em risco.

Até setembro, o executivo britânico manterá contactos diplomáticos com todas as partes envolvidas, mas mantém a intenção de reconhecer o Estado palestiniano se não houver avanços que considerem decisivos.

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