Reino Unido corta verbas de ajuda externa e África enfrenta maiores perdas

Londres confirmou uma redução de 40 % na ajuda externa, passando de 0,5 % para 0,3 % do rendimento nacional bruto, com impacto direto nos programas de saúde feminina e educação infantil em vários países africanos.

Cortes concentram-se em África e em sectores sociais

Um relatório do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico indica que a maior fatia dos cortes anunciados para este ano incidirá sobre o continente africano. Os financiamentos destinados a saúde materna, acesso à água potável e saneamento sofrerão diminuições consideráveis, elevando o risco de doenças e mortalidade, segundo a avaliação oficial.

A rede Bond, que representa organizações não-governamentais do Reino Unido, alertou que mulheres e crianças das comunidades mais vulneráveis «pagarão o preço mais alto» pelas novas medidas. Entre os programas afetados inclui-se o apoio à educação de crianças, um dos pilares tradicionais da cooperação britânica na região.

Financiamento multilateral preservado

Apesar dos cortes bilaterais, o governo decidiu manter os contributos para organismos multilaterais como a Aliança Gavi e a Associação Internacional de Desenvolvimento do Banco Mundial, que receberá 1,98 mil milhões de libras nos próximos três anos. Londres afirma que continuará a prestar ajuda humanitária em zonas de conflito, nomeadamente Gaza, Ucrânia e Sudão.

Queda adicional para os Territórios Palestinianos

Os Territórios Palestinianos Ocupados verão o financiamento britânico baixar 21 %, contrariando compromissos prévios. A Bond considera «preocupante» a redução em contextos já marcados por crises prolongadas.

Justificação oficial e críticas

A ministra do Desenvolvimento, baronesa Chapman, declarou que «cada libra tem de render mais para os contribuintes britânicos e para quem ajudamos». O executivo refere ter realizado uma «revisão linha a linha» para priorizar eficiência, proteger contratos em vigor e garantir saídas responsáveis de projetos que serão encerrados.

Criticam-se, contudo, as prioridades definidas. A Bond sublinha que a educação, a igualdade de género e a assistência a países em conflito, como Sudão do Sul, Etiópia e Somália, estão a ser «despriorizados» num momento em que os EUA já reduziram programas semelhantes.

Evolução da meta de ajuda

O compromisso britânico de destinar 0,7 % do rendimento nacional à ajuda externa foi alcançado em 2013 e inscrito na lei dois anos depois. A fasquia desceu para 0,5 % em 2021, invocando pressões orçamentais decorrentes da pandemia, e recua agora para 0,3 %, libertando verbas para aumentar a despesa em defesa para 2,5 % do PIB.

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