Wanderlei Silva e Vitor Belfort confirmaram a aguardada revanche para 27 de setembro, no evento Spaten Fight Night 2, que será realizado em São Paulo. O reencontro encerra um hiato de 27 anos desde o primeiro confronto, disputado em 1998, quando Belfort nocauteou o rival em 44 segundos em luta de MMA. Nesta segunda edição do card, os ex-campeões migrarão do octógono para o ringue, medindo forças em combate de boxe.
Aos 49 anos, Wanderlei afirma que a derrota sofrida ainda no início de sua carreira permaneceu como um ponto não resolvido. Segundo o curitibano, a experiência acumulada ao longo de quase três décadas e o treinamento direcionado ao boxe o colocam em condições de equilibrar o histórico desfavorável. Para o ex-campeão do Pride, o principal objetivo é “sentir” o impacto de sua própria mão sobre o adversário, devolvendo o triunfo que escapou em 1998.
Do outro lado, Belfort chega embalado pelo recente ingresso no Hall da Fama do UFC, reconhecimento concedido em junho. O carioca enfatiza que o embate, ao contrário de apresentações de exibição vistas em outros cards, terá caráter competitivo. Para reforçar esse compromisso, ele incluiu um bônus financeiro destinado ao autor de um eventual nocaute, mecanismo que, na sua avaliação, estimula uma postura ofensiva de ambos os lados e afasta qualquer interpretação de “luta amistosa”.
O caminho até o segundo encontro quase foi encurtado em 2012, quando os dois serviram como treinadores na primeira temporada do reality show “The Ultimate Fighter Brasil”. Na ocasião, o calendário previa o desfecho da rivalidade logo após o programa, mas Belfort lesionou a mão semanas antes da data marcada e foi substituído por Rich Franklin. Wanderlei lembra ter se mantido inscrito no evento, enfrentando Franklin em Belo Horizonte, e ainda questiona se a lesão realmente impediu o antigo oponente de subir ao octógono naquela época.
O Spaten Fight Night retorna à capital paulista pouco mais de um ano depois da edição inaugural, que teve como atração principal o duelo de exibição entre Anderson Silva e Chael Sonnen, encerrado em empate. No mesmo card, Hebert Conceição superou Esquiva Falcão em confronto entre medalhistas olímpicos de boxe, resultado que reforçou a proposta do evento de reunir nomes consagrados do MMA e do pugilismo em formatos variados.
Formato da luta e expectativas
A organização não divulgou oficialmente o número de assaltos nem detalhes sobre o peso em que o encontro será disputado, mas adiantou que os atletas utilizarão luvas padrão do boxe profissional. A promoção também informou que todo o regulamento seguirá normas internacionais, sob supervisão de entidade reconhecida, o que valida o resultado para fins estatísticos na carreira de ambos.
Embora o histórico favoreça Belfort, especialistas apontam que mudanças de modalidade podem influenciar o equilíbrio técnico. Wanderlei, conhecido pelo estilo agressivo e pelo uso de joelhos e cotovelos no MMA, passou a priorizar treinos de trocação pura, enquanto Belfort, tradicionalmente associado ao boxe dentro do octógono, busca adaptar o volume de golpes a sequência mais longa de assaltos característica do esporte. A idade semelhante dos competidores — 47 anos para Belfort e 49 para Wanderlei — também reduz vantagem física significativa de qualquer lado.
Impacto para o mercado de lutas
A confirmação do combate reforça a tendência de eventos híbridos no Brasil, misturando personalidades do MMA a regras do boxe. Para promotores, o cruzamento de públicos amplia o alcance comercial, principalmente em sistema pay-per-view. No ano passado, a luta entre Anderson Silva e Jake Paul, nos Estados Unidos, já havia sido apontada como referência de sucesso financeiro para esse formato. Agora, o Spaten Fight Night tenta replicar o modelo em território nacional, com dois veteranos que construíram legados expressivos no exterior.
A venda de ingressos será iniciada nas próximas semanas por plataforma digital ainda não especificada. Pacotes de hospitalidade e experiências com os lutadores devem compor a oferta, estratégia semelhante à aplicada em 2023. A organização prevê lotação máxima do ginásio paulistano escolhido — nome ainda não anunciado — e negocia com emissora de TV fechada a transmissão ao vivo para todo o país.
Enquanto o evento não chega, ambas as equipes intensificam a preparação. Wanderlei divide os treinamentos entre Curitiba e Las Vegas, focando sequências de diretos e ganchos com treinador especializado em boxe. Belfort concentra atividades no sul da Flórida, onde mantém academia própria. O ex-campeão do UFC adicionou sparrings canhotos ao camp, buscando replicar o estilo ortodoxo de Silva e explorar contragolpes.
Assim, o Spaten Fight Night 2 promete reacender uma rivalidade iniciada no fim dos anos 1990, agora sob regras diferentes. O evento colocará frente a frente duas das figuras mais conhecidas do MMA nacional, em um cenário que, além de reviver memórias, avalia a capacidade de adaptação dos atletas ao ringue e à maturidade adquirida em quase três décadas de carreira.
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