A Valve alterou silenciosamente as políticas da Steam na semana passada e passou a restringir títulos classificados para maiores de 18 anos. A mudança busca adequar o catálogo às exigências de empresas de pagamento como Visa, Mastercard e PayPal, que agora detêm poder de veto sobre parte do conteúdo oferecido na plataforma.
A nova regra foi adicionada à seção “O que você não deve publicar na Steam”, mas apresenta termos genéricos e não especifica quais representações são proibidas. A falta de clareza levou desenvolvedores independentes a questionar os limites aplicados e motivou manifestações de usuários nas redes sociais.
Petição cobra reversão das diretrizes
Entre as reações, uma petição online contra o que signatários classificam como censura ultrapassou 10 mil apoios desde a implementação das diretrizes. O documento lista quatro reivindicações principais: cancelar a restrição a conteúdo adulto legal, garantir liberdade criativa a desenvolvedores, ampliar a transparência das lojas sobre suas políticas e limitar a atuação de grupos ativistas na definição de regras para jogos.
O texto cita diretamente a influência de organizações de monitoramento de pornografia e violência sexual. A crítica se concentra na australiana Collective Shout, entidade sem fins lucrativos que afirma ter impulsionado a revisão das políticas da Valve.
Campanha direcionada a processadores de pagamento
Em 7 de julho, a Collective Shout divulgou atualização da campanha “No Mercy” na plataforma Change.org. A mensagem incentivou apoiadores a pressionar PayPal, Mastercard, Visa e Discover a “romper relações com a Steam e o itch.io” por supostamente hospedar “centenas de jogos de estupro, incesto e abuso infantil”. Na sequência, a organização publicou carta aberta pedindo a suspensão imediata do processamento de pagamentos para plataformas que abrigassem produtos com esse teor.
Após a retirada de dezenas de títulos da Steam, Melinda Tankard Reist, cofundadora da entidade, comemorou o resultado em postagem na rede X. Segundo ela, a remoção comprovaria que as empresas financeiras “estavam lucrando com conteúdo sexual violento” e representaria “grande vitória” de sua campanha.
Títulos removidos e acusações de “censura financeira”
Desde a adoção das novas diretrizes, vários jogos de temática adulta desapareceram do catálogo da Steam. A quantidade exata não foi divulgada, mas estimativas de desenvolvedores apontam para dezenas de produtos afetados. Consumidores e criadores afirmam que o corte decorre de pressão de empresas financeiras, caracterizando o episódio como “censura financeira”.
A controvérsia ganhou força porque a Valve não apresentou lista específica de conteúdos banidos nem esclareceu o critério utilizado. Desenvolvedores relatam dificuldades para determinar se futuros lançamentos serão permitidos, o que gera insegurança em relação a investimentos e prazos de publicação.
Até o momento, a Valve não comentou publicamente sobre a política ou sobre a possibilidade de restaurar jogos removidos. Visa, Mastercard, PayPal e outras instituições mencionadas também não emitiram nota. Sem posicionamento oficial, não há previsão de revisão das regras ou de retorno dos títulos excluídos.
Contexto mais amplo e impacto no setor
A restrição acontece em um momento em que plataformas digitais enfrentam maior escrutínio de operadores de pagamento quanto a material adulto. Processadores financeiros podem aplicar penalidades ou encerrar contratos caso avaliem que o conteúdo viole políticas internas relacionadas a exploração sexual ou violência.
Para lojas digitais, a dependência de poucos meios de pagamento torna o risco financeiro elevado, levando empresas a adotar medidas preventivas. No caso da Steam, a ausência de parâmetros objetivos gerou receio de que outras categorias de jogos possam ser afetadas futuramente.
O episódio ocorre também em meio à expansão de pequenas produções voltadas a públicos específicos. Desenvolvedores independentes costumam recorrer à Steam por seu alcance global; a indefinição atual pode redirecionar parte desses projetos para plataformas alternativas ou incentivar busca de fontes próprias de cobrança.
Embora o debate se concentre em jogos com conteúdo explícito, a discussão sobre a influência de grupos ativistas e de instituições financeiras na curadoria de produtos digitais deve permanecer. Sem clarificação de políticas por parte da Valve, a comunidade segue acompanhando a evolução das diretrizes e aguardando sinalização de mudanças ou de continuidade das restrições.
Fonte: Voxel

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