Geraldo Alckmin ganhou novo fôlego político após liderar a resposta do governo brasileiro ao aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos. O episódio consolidou a imagem do actual vice-presidente como parceiro de confiança de Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2026, apesar da pressão de sectores do PT que preferem vê-lo disputar o governo ou o Senado por São Paulo.
Resposta ao tarifaço consolida perfil de Alckmin
Alckmin assumiu a linha da frente nas negociações desencadeadas pela decisão de Washington, fortalecendo a sua visibilidade no Executivo e junto de partidos aliados. Integrantes do Palácio do Planalto avaliam que a actuação rápida do vice demonstrou capacidade de articulação internacional e contribuiu para atenuar o impacto económico da medida norte-americana.
Aliados próximos afirmam que Lula reconheceu o empenho de Alckmin e que, até agora, não manifestou intenção de alterar a formação da chapa presidencial. O próprio vice-presidente, segundo relatos, sinalizou não ter interesse em abandonar o cargo, entendendo ter conquistado a confiança de Lula para permanecer até 2030.
PT debate uso estratégico da vaga de vice
A manutenção de Alckmin no posto, porém, está longe de pacificada. Correntes petistas defendem que a vice-presidência seja oferecida a outro partido de centro, de forma a ampliar a coligação em 2026. O argumento é simples: o PSB, legenda de Alckmin, já está comprometida com a reeleição de Lula, enquanto formações como PSD, MDB ou União Brasil poderiam ser atraídas com a perspectiva de integrar a chapa.
Até agora, não houve conversa definitiva entre Lula, Alckmin e a liderança nacional do PSB. Nos bastidores, dirigentes socialistas insistem na continuidade do actual vice, sublinhando que o partido é o único aliado sem divergências internas sobre o apoio a Lula. A discussão deverá ganhar força após a posse do novo presidente do PT, Edinho Silva, marcada para domingo.
São Paulo no centro das ambições eleitorais
Com 34 milhões de eleitores, São Paulo é a prioridade dos estrategas do Planalto. Uma ala defende candidatura competitiva ao Palácio dos Bandeirantes, combinada com esforço para conquistar ao menos uma das duas vagas ao Senado. O cenário preferido inclui Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para o Senado, e um nome com forte apelo local para o governo estadual.
Alckmin surge naturalmente para disputar o Executivo paulista, enquanto Haddad poderia procurar assento no Senado. Ambos, contudo, mostram-se pouco entusiasmados. Alternativas em debate incluem Márcio França, ministro do Empreendedorismo, para governador, e Guilherme Boulos, deputado do PSOL, para o Senado.

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Palanques regionais e “candidaturas de sacrifício”
O governo vê as próximas eleições como oportunidade para conter o avanço da direita no Senado e fortalecer a base parlamentar de Lula. Ministros de grande visibilidade estudam concorrer a cargos majoritários nos seus estados, mesmo com hipóteses reduzidas de vitória, numa lógica de “sacrifício” que visa marcar posição e mobilizar eleitores locais.
No Nordeste, Rui Costa, da Casa Civil, deve tentar regressar ao governo da Bahia. Jaques Wagner tende a disputar a reeleição como senador, enquanto Jerônimo Rodrigues prepara a campanha para segundo mandato como governador. Em Pernambuco, Humberto Costa (PT) e Silvio Costa Filho (Republicanos) disputam espaços na corrida ao Senado, com o prefeito do Recife, João Campos, cotado para governador.
Minas Gerais poderá ter o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), a tentar o Senado, acompanhado pelo ex-presidente da Câmara Alta Rodrigo Pacheco na corrida ao governo estadual. No Amapá, Waldez Góes (PDT) avalia candidatura semelhante, e em Mato Grosso, Carlos Fávaro (PSD) considera disputar a vaga actualmente ocupada por Wellington Fagundes.
Resistências internas e próximos passos
Nem todos os potenciais candidatos estão dispostos a aceitar missões de risco. Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, é citada para o Senado pelo Paraná, um dos redutos do bolsonarismo, mas prefere manter-se na Câmara, onde a sua votação ajuda a eleger outros deputados do PT. Fontes próximas indicam que só um pedido directo de Lula poderia alterar essa posição.
Com a renovação da liderança partidária e o calendário eleitoral a aproximar-se, a discussão sobre a composição da chapa presidencial e dos palanques regionais deverá tornar-se mais intensa. Para já, o saldo do confronto tarifário com os Estados Unidos coloca Alckmin numa posição privilegiada, mas a equação política de 2026 continua em aberto e dependerá de negociações que envolvem partidos, ministros e interesses estaduais.

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