Trump alerta que plano canadiano para reconhecer Palestina pode travar novo acordo comercial

Washington, 11 de julho — O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a intenção do Canadá de reconhecer o Estado palestiniano “tornará muito difícil” a conclusão de um novo acordo comercial entre os dois países.

Reconhecimento condicionado em setembro

Horas antes das declarações de Trump na rede social Truth Social, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, anunciou que pretende formalizar o reconhecimento da Palestina na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro. A decisão está sujeita a condições: reformas na Autoridade Palestiniana, eleições gerais em 2026 sem a participação do Hamas e desmilitarização do futuro Estado.

França e Reino Unido também indicaram disponibilidade para reconhecer a Palestina. Paris não impôs condições, enquanto Londres admite avançar caso Israel não adote medidas “substanciais” para melhorar a situação em Gaza.

Tensões comerciais e prazo de tarifas

As declarações de Trump surgem a menos de um mês do prazo de 1 de agosto, definido por Washington, para fechar novos entendimentos comerciais. Sem acordo, a Administração norte-americana ameaça aplicar uma tarifa de 35 % a todas as mercadorias canadianas não abrangidas pelo pacto Estados Unidos-México-Canadá (CUSMA).

Mark Carney garantiu que as negociações continuam de forma “complexa e construtiva”, mas admitiu que poderão não ficar concluídas até à data limite. Em 2023, o Canadá foi o segundo maior parceiro comercial dos EUA, comprando bens no valor de 349,4 mil milhões de dólares e exportando 412,7 mil milhões, segundo o Census Bureau.

Washington já impôs tarifas de 50 % sobre aço, alumínio e cobre canadianos, bem como 25 % sobre o sector automóvel. No mês passado, Otava recuou na criação de um imposto sobre serviços digitais que afectaria empresas tecnológicas norte-americanas, após Trump suspender as conversações comerciais.

Pressão diplomática e sanções

Trump reiterou que reconhecer o Estado palestiniano “recompensa o Hamas”. Na terça-feira, a bordo do Air Force One, o presidente tinha feito a mesma acusação. Paralelamente, Washington anunciou sanções contra responsáveis da Autoridade Palestiniana e da Organização de Libertação da Palestina, alegando que estes minam os esforços de paz.

Tanto Israel como os Estados Unidos rejeitaram a iniciativa canadiana. Ainda assim, Carney mantém que o reconhecimento, dependente das reformas exigidas, poderá impulsionar uma solução de dois Estados.

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