Trump envia emissário a Moscovo antes do prazo para cessar-fogo na Ucrânia

O enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, deverá aterrar em Moscovo entre quarta-feira e quinta-feira, poucos dias antes do prazo fixado pelo presidente dos Estados Unidos para que o Kremlin negoceie um acordo de paz com a Ucrânia ou enfrente novas sanções económicas.

Missão diplomática contra o relógio

Trump marcou a próxima sexta-feira como data-limite para “parar a matança” em território ucraniano. Caso não haja avanços concretos, Washington ameaça aplicar sanções adicionais à Rússia e tarifas secundárias a países que comprem petróleo russo, incluindo China e Índia. O envio de Witkoff a Moscovo surge como derradeira tentativa de quebrar um impasse diplomático que se arrasta desde janeiro, quando o atual presidente norte-americano tomou posse.

Em intervenções públicas, Trump reconheceu que as iniciativas anteriores — combinando promessas, ameaças e apelos — não produziram resultados tangíveis. Ainda assim, declarou no domingo que “os russos pediram para se reunir” com o seu representante, deixando em aberto a possibilidade de diálogo de última hora.

Sanções reforçadas e impacto global

Se o prazo não for cumprido, as novas medidas norte-americanas visam estrangular as receitas energéticas do Kremlin e penalizar terceiras nações que alimentem o esforço de guerra russo. A Casa Branca admite que estas sanções secundárias podem aprofundar tensões com Pequim e Nova Deli, principais compradores de crude russo desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.

Trump classifica a Rússia como “bastante hábil” a contornar restrições financeiras, mas insiste que o pacote em preparação será “potencialmente devastador”. Do lado ucraniano, o presidente Volodymyr Zelenskyy apelou esta segunda-feira a um endurecimento imediato das sanções sobre energia, comércio e setor bancário russos.

Resposta do Kremlin e situação no terreno

O porta-voz Dmitry Peskov afirmou que Moscovo “recebe com agrado” a visita de Witkoff e considera as conversações “importantes, substantivas e muito úteis”. No entanto, o presidente Vladimir Putin mantém a exigência de que qualquer acordo reflita as condições impostas pelo Kremlin, reiterando disposição para continuar a ofensiva até que esses termos sejam alcançados.

Segundo dados das Nações Unidas, mais de 12 000 civis ucranianos morreram em ataques russos a zonas urbanas desde o início da guerra. Na frente, com cerca de 1 000 quilómetros de extensão, as forças de Moscovo ganharam terreno de forma lenta e dispendiosa, concentrando-se agora na conquista de Pokrovsk, um centro logístico estratégico no leste.

Escalada militar e retórica nuclear

Na véspera do prazo norte-americano, Putin anunciou que o míssil hipersónico Oreshnik entrou em serviço. O armamento, capaz de transportar múltiplas ogivas a velocidades até Mach 10, é descrito pelo líder russo como “impossível de intercetar” e com potencial destrutivo comparável a um ataque nuclear convencional.

Paralelamente, Dmitry Medvedev advertiu que o conflito na Ucrânia poderá empurrar Moscovo e Washington para um confronto direto. Em resposta, Trump ordenou o reposicionamento de dois submarinos nucleares dos EUA, medida que acrescenta tensão ao já frágil equilíbrio de segurança na região.

Ação ucraniana em profundidade

Embora enfrente dificuldades na linha da frente, Kiev tem aumentado a pressão no interior da Rússia através de drones de longo alcance. O ataque mais recente atingiu um depósito de combustível perto de Sochi, no mar Negro, provocando um incêndio de grandes dimensões.

Com o aproximar da sexta-feira decisiva, permanece a incógnita sobre se a deslocação de Steve Witkoff poderá desbloquear um entendimento ou, pelo contrário, se o prazo expirará sem acordo, desencadeando a nova vaga de sanções anunciada por Washington.

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